Pianistas de Armazém: Trabalho Feminino na Catação de Café

Do Museu do Café

Exposição sobre trabalho feminino nas catações de café.

Catadeiras de café trabalhando em armazém. (1928), de Theodor PreisingMuseu do Café

Mãos e dedos ágeis num intermitente movimento acompanhando uma melodia muda, carregada pela determinação de sobrevivência. Trabalho de mulheres jovens e adultas, realizado com tanta destreza e tanto foco que lhes renderia o apelido de “pianistas”, impulsionadas pelo ganho por produtividade, e zelosas sob atenta fiscalização. 

A catação manual de café é uma atividade de rebeneficiamento que, ao eliminar grãos defeituosos de um lote, torna-o mais lucrativo para o fornecedor.  Apesar de a prática ter permanecido durante a maior parte da história do café, e ter sido importante elo da cadeia exportadora do produto, as principais personagens que a desempenhavam – as catadeiras – foram invisibilizadas.

Com a exposição “Pianistas de armazém: trabalho feminino na catação de café”, O Museu do Café tem o prazer de trazer a público, por meio de memórias e recursos audiovisuais, um pouco do cotidiano dessas mulheres e sobre esse ofício que, pouco a pouco, tem desaparecido.

Catadeiras de Café em armazém de café no porto do Rio de Janeiro - RJ. (1910), de Autor DesconhecidoMuseu do Café

História da catação de café no Brasil

Existem referências a esse trabalho desde o início do século XIX, às vezes nomeado de “escolha”, geralmente delegado a mulheres escravizadas, e realizado em grandes fazendas ou “usinas” de café. Apesar de já existirem, nesse momento, maquinários que realizavam essa tarefa, a catação manual ainda era imprescindível para um café mais limpo e de maior valor de mercado. 

Com a adoção pelo Brasil do padrão norte-americano de identificação de defeitos para estabelecimento do preço da saca, em 1907, e com a concentração da manipulação dos grãos nos centros comerciais, os armazéns de catação de café se multiplicaram nas grandes capitais como São Paulo e Rio de Janeiro, assim como no porto de Santos.

A catação manual entrou em declínio no Brasil na década de 1970, com o aprimoramento e a consolidação das catadeiras eletrônicas fotossensíveis, que distinguiam grãos verdes, pretos e outros defeitos com uma produtividade superior ao trabalho manual, e a menor custo. 

Anúncio no jornal Gazeta de Notícias (RJ). Acervo Biblioteca Nacional. (1888), de Biblioteca NacionalMuseu do Café

Anúncio no jornal Gazeta de Notícias (RJ). Acervo Biblioteca Nacional. (1888), de Biblioteca NacionalMuseu do Café

Anúncio no jornal Gazeta de Notícias (RJ). Acervo Biblioteca Nacional. (1890), de Biblioteca NacionalMuseu do Café

Anúncio no jornal Gazeta de Notícias (RJ). Acervo Biblioteca Nacional. (1899), de Biblioteca NacionalMuseu do Café

Anúncio no jornal Gazeta de Notícias (RJ). Acervo Biblioteca Nacional. (1902), de Biblioteca NacionalMuseu do Café

Anúncio no jornal A Capital (RJ). Acervo Biblioteca Nacional. (1903), de Biblioteca NacionalMuseu do Café

Anúncio no jornal A Capital (RJ). Acervo Biblioteca Nacional. (1903), de Biblioteca NacionalMuseu do Café

Anúncio no jornal Correio Paulistano (SP). Acervo Biblioteca Nacional. (1905), de Biblioteca NacionalMuseu do Café

Anúncio no jornal Gazeta de Notícias (RJ). Acervo Biblioteca Nacional. (1906), de Biblioteca NacionalMuseu do Café

Anúncio no jornal O Paiz (RJ). Acervo Biblioteca Nacional. (1909), de Biblioteca NacionalMuseu do Café

Anúncio no jornal O Paiz (RJ). Acervo Biblioteca Nacional. (1909), de Biblioteca NacionalMuseu do Café

Anúncio no jornal A Epoca (RJ). Acervo Biblioteca Nacional. (1913), de Biblioteca NacionalMuseu do Café

Matéria do jornal A Gazeta (RJ). Acervo Biblioteca Nacional. (1928), de Biblioteca NacionalMuseu do Café

Matéria do jornal Correio Paulistano (SP). Acervo Biblioteca Nacional. (1930), de Biblioteca NacionalMuseu do Café

Anúncio no jornal Correio Paulistano (SP). Acervo Biblioteca Nacional. (1935), de Biblioteca NacionalMuseu do Café

Matéria do jornal Correio O Dia (PR). Acervo Biblioteca Nacional. (1940), de Biblioteca NacionalMuseu do Café

Catadeiras de Café em armazém de café no porto de Santos - SP. (1930), de Theodor PreisingMuseu do Café

Trabalho Feminino

Os pesquisadores do Museu do Café realizaram, entre 2011 e 2013, uma série de entrevistas para compreender o comércio do café na cidade de Santos. Entre os depoimentos, estão as narrativas de catadeiras e outros profissionais que trouxeram essa atividade em suas lembranças.Nessas memórias, o cotidiano e as particularidades da catação de café ficam mais visíveis. Era um trabalho considerado penoso e mal remunerado, mesmo dentro das atividades exclusivamente femininas. Ainda assim, seu caráter sazonal e geralmente informal atendia o perfil de mulheres das camadas mais pobres, moradoras da região central ou dos morros, que estavam desempregadas ou que não conseguiam acesso a outros trabalhos.   Outra característica era a possibilidade da presença de crianças no armazém, considerando que muitas operárias eram mães e não tinham onde deixar os filhos. De fato, as memórias frequentemente começam na infância, seja brincando no armazém, ou ajudando suas mães na função. A conciliação da maternidade com o trabalho, a escolha de armazéns com maior remuneração, melhores patrões, ou de cafés mais limpos, são algumas das estratégias de sobrevivência registradas. 

Catadeiras de café trabalhando em armazém. (1928), de Theodor PreisingMuseu do Café

Memórias da Catação

Os pesquisadores do Museu do Café realizaram, entre 2011 e
2013, uma série de entrevistas para compreender o comércio do café na cidade de
Santos. Entre os depoimentos, estão as narrativas de catadeiras e outros
profissionais que trouxeram essa atividade em suas lembranças.

Nessas memórias, o cotidiano e as particularidades da
catação de café ficam mais visíveis. Era um trabalho considerado penoso e mal
remunerado, mesmo dentro das atividades exclusivamente femininas. Ainda assim,
seu caráter sazonal e geralmente informal atendia o perfil de mulheres das
camadas mais pobres, moradoras da região central ou dos morros, que estavam
desempregadas ou que não conseguiam acesso a outros trabalhos.   

Outra característica era a possibilidade da presença de
crianças no armazém, considerando que muitas operárias eram mães e não tinham
onde deixar os filhos. De fato, as memórias frequentemente começam na infância,
seja brincando no armazém, ou ajudando suas mães na função. A conciliação da
maternidade com o trabalho, a escolha de armazéns com maior remuneração,
melhores patrões, ou de cafés mais limpos, são algumas das estratégias de
sobrevivência registradas. 

Maria São Pedro Menezes nasceu em Aracajú, em 1950. Trabalhou com sua mãe na catação de café no começo da década de 1960. Entrevista gravada em 2018.
00:00
Ana Gessi Penedo nasceu em Florianópolis – SC, em 1933. Trabalhou como catadeira de café na década de 1950. Entrevista gravada em 2012.
00:00
Maria Dias Carvalho nasceu em 1949. Acompanhou a mãe na catação de café durante sua infância, até o começo da década de 1960. Entrevista gravada em 2012.
00:00
Maria Dias Carvalho nasceu em 1949. Acompanhou a mãe na catação de café durante sua infância, até o começo da década de 1960. Entrevista gravada em 2012.
00:00
Josephina Viggiano nasceu em São Paulo, em 1927. Começou a trabalhar como costureira de sacaria em 1950, desempenhando essa atividade até o final da década de 1960. Entrevista gravada em 2011.
00:00
Alexandre Rodrigues nasceu em Santos, em 1941. Começou como fiel de armazém em 1959 e, até o momento da entrevista, ainda exercia o mesmo cargo. Entrevista gravada em 2013.
00:00
Ayrton de Souza Ferreira nasceu em 1930. Começou a trabalhar em uma firma exportadora na parte de documentação, e depois como classificador de café.
00:00
Nilton Manso Branco nasceu em 1934. Foi gerente e depois proprietário de uma catação de café, de 1960 a 1972. Entrevista gravada em 2012.
00:00
Créditos: história

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

João Doria
Governador do Estado de São Paulo

Sérgio Sá Leitão
Secretário de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo

Cláudia Pedrozo
Secretária - Adjunta de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo

INSTITUTO DE PRESERVAÇÃO E DIFUSÃO DA HISTÓRIA DO CAFÉ E DA IMIGRAÇÃO

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO (INCI)

Guilherme Braga Abreu Pires Filho
Presidente

Carlos Henrique Jorge Brando
Vice-presidente

Alessandra de Almeida Santos
Diretora Executiva

Thiago Santos
Diretor Administrativo-financeiro

Daniel Ramos
Gerente Administrativo-financeiro

Caroline Nóbrega
Gerente de Comunicação e Desenvolvimento Institucional

Marcela Rezek
Coordenadora Técnica do Museu da Imigração

Bruno Bortoloto do Carmo
Pietro Marchesini Amorim
Pesquisa

Bruno Bortoloto do Carmo
Produção

Osvaldo Abreu
Assistente de produção

Equipe Técnica do Museu do Café
Curadoria

Créditos: todas as mídias
Em alguns casos, é possível que a história em destaque tenha sido criada por terceiros independentes. Portanto, ela pode não representar as visões das instituições, listadas abaixo, que forneceram o conteúdo.
Página inicial
Descobrir
Jogar
Por perto
Favoritos