Rua das Flores III

Significados

Teaser Rua das Flores (2022) de Cátia OliveiraFaculdade de Letras da Universidade do Porto

Rua das Flores: Significados. Experiências. Sentidos. (2022) de Cátia OliveiraFaculdade de Letras da Universidade do Porto

Significados. Experiências. Sentidos.

A emblemática Rua das Flores foi aberta em terrenos das hortas do Bispo do Porto. Pela sua largura, foi uma das primeiras a permitir a circulação de carros de tração animal, facilitando o escoamento dos produtos que chegavam à zona ribeirinha da cidade.

Rua das Flores (Porto) (2022) de Marisa SantosFaculdade de Letras da Universidade do Porto

Rua das Flores (Porto)

Esta artéria estabelecia a comunicação entre a zona ribeirinha e a Porta de Carros, demolida em 1888. Ligava o convento medieval de São Domingos ao Mosteiro de São Bento de Avé Maria, contemporâneo da abertura da Rua, acompanhando o curso do rio de Vila, atualmente encanado.

Placa toponímica da Rua das Flores (Porto) (2022) de Cátia OliveiraFaculdade de Letras da Universidade do Porto

Placa toponímica da Rua das Flores

A designação de Santa Catarina das Flores deve-se à especial devoção que D. Pedro da Costa, bispo da cidade à data da abertura da rua, nutria por esta Virgem Mártir. Na sua pedra de armas figurava a roda navalhada, principal atributo desta Santa.

Roda navalhada de Santa Catarina junto ao Museu da Misericórdia do Porto (Rua das Flores, Porto) (2022) de Cátia OliveiraFaculdade de Letras da Universidade do Porto

Roda dentada de Santa Catarina junto ao MMIPO

A roda navalhada foi utilizada de modo operativo neste arruamento, destinada a assinalar os edifícios que pertenciam à Mitra do Porto. A marca subsiste em algumas ombreiras e padieiras de portas, convertendo-se numa das imagens identitárias da “Rua de Santa Catarina das Flores”. 

Relevo de São Miguel Arcanjo (Rua das Flores, Porto) (2022) de Cátia OliveiraFaculdade de Letras da Universidade do Porto

Relevo de São Miguel Arcanjo

As imagens de São Miguel Arcanjo, presentes nas fachadas de algumas casas, assinalam as antigas propriedades do Cabido Portucalense. Padroeiro desta Corporação, o Chefe das Milícias Celestes vence o demónio representado sob a forma de dragão ou serpente.

Rua das Flores (Porto)

Fonte da vida por excelência, o aprovisionamento público de água constituiu, desde sempre, um impulso às transformações urbanísticas. A gestão de distribuição da água na Rua dependeu da inter-relação entre a Câmara Municipal, o Convento de São Domingos e a Misericórdia.

Chafariz do Largo de São Domingos (Praça da Trindade, Porto), Diogo Teixeira, 2021, Da coleção de: Faculdade de Letras da Universidade do Porto
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Medalhão da Fonte do Largo de São Domingos (Jardim das Águas do Porto, EM), Diogo Teixeira, 2021, Da coleção de: Faculdade de Letras da Universidade do Porto
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O antigo Chafariz do Largo de São Domingos, um dos mais importantes da cidade, foi abastecido, até ao século XVII, pela água dos frades dominicanos e depois do aqueduto de Paranhos. No século XIX foi substituído por uma fonte coberta com abóbada de cantaria, demolida em 1922. O medalhão que a coroava está no Jardim das Águas do Porto.

Sinos do Campanário da Igreja da Misericórdia (Rua das Flores, Porto) (2022) de Cátia OliveiraFaculdade de Letras da Universidade do Porto

Os sinos do campanário da Igreja da Misericórdia

A proximidade da Rua das Flores ao centro nevrálgico da diocese garantiu, também, a longevidade e prosperidade do arruamento. Fundada em 1499, aqui se instalou a sede Misericórdia do Porto em meados do século XVI, depois de uma breve presença no Claustro Velho da Sé.

Repicagem dos sinos da zona histórica da cidade do Porto
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Sé e Misericórdia estiveram sempre unidas no material e espiritual. Estes laços eram reforçados pelo toque dos sinos, que solenizavam práticas religiosas comuns, ritmavam o tempo e contribuíam para a definição da paisagem sonora da cidade.

Museu da Misericórdia do Porto, vista interior (Rua das Flores, Porto) (2015) de CBS - Creative Building Solutions, S. A.Faculdade de Letras da Universidade do Porto

Museu da Misericórdia do Porto, vista interior

O edifício da Misericórdia do Porto foi adaptado às novas funções museológicas em 2013, tendo conservado, até então, os interiores inalterados. Fundada por recomendação do rei D. Manuel I, a Misericórdia promove os valores de caridade e solidariedade social.

Fons Vitae, obra da Escola Flamenga, 1515-1517. (2015) de CBS - Creative Building Solutions, S. A.Faculdade de Letras da Universidade do Porto

"Fons Vitae" (1515-1517)

Representa o culto à Paixão de Cristo e ao Sangue derramado da vítima voluntariamente imolada na Cruz. Espécie consagrada e princípio da Salvação, o sangue jorra diretamente na Fonte da Vida, símbolo da regeneração, da Vida Eterna e da Sabedoria Cristã.

Casa do Despacho da Misericórdia do Porto (1891) de Guilherme Augusto de Faria e Album da Sancta Casa da Misericordia FototipiaFaculdade de Letras da Universidade do Porto

Casa do Despacho da Misericórdia do Porto

O Fons Vitae, uma pintura a óleo sobre madeira produzida na Flandres (1515-1517), é hoje peça central do MMIPO. Encomendado por alguém da instituição próximo da esfera régia, a obra atesta as boas relações do Porto e da coroa portuguesa com o norte da Europa, no século XVI. 

Fons Vitae, obra da Escola Flamenga, 1515-1517. (2015) de CBS - Creative Building Solutions, S. A.Faculdade de Letras da Universidade do Porto

No plano inferior representa-se, ao centro, o casal régio, D. Manuel I e D. Maria, rodeados à esquerda e direita pelos infantes. Figuras da Igreja e todos os grupos sociais veneram, de joelhos e em gestos de oração, o filho de Deus feito homem, sacrificado por Amor à Humanidade.

A coroa pousada no chão reafirma a humildade dos homens perante o verdadeiro Rei e recorda os princípios caritativos da Misericórdia cristã: alimentar, dar de beber, vestir, recolher, cuidar e enterrar os mais necessitados. 

Créditos: história



COORDENAÇÃO DA EXPOSIÇÃO E COMISSÃO CIENTÍFICA: Ana Cristina Sousa (FLUP/CITCEM) & Maria Leonor Botelho (FLUP/CITCEM)

CURADORIA: Ana Cristina Sousa (FLUP/CITCEM) & Maria Leonor Botelho  (FLUP/CITCEM).

PRODUÇÃO & CONTEÚDOS: Cátia Oliveira, Cecília Cardoso, Diana Felícia, Diogo Teixeira, José Ferreira e Silva, Marisa Pereira Santos e Tiago Cruz.

APOIOS: FLUP; CITCEM; MMIPO.

TRADUÇÃO: Raquel Viúla Faria (financiada por Fundos Nacionais através da FCT no âmbito do projeto UIDB/04059/2020).

REFERÊNCIAS:
REIS, Henrique Duarte e Sousa (1984) – Apontamentos para a verdadeira história antiga e moderna da Cidade do Porto. Volume I. Porto: BPMP.


AFONSO, José Ferrão (2000) – A Rua das Flores no Século XVI. Elementos para a História Urbana do Porto Quinhentista. Porto: FAUP.


FONTES, Adriano (1908) – Contribuição para a hygiene do Porto: analyse sanitaria do seu abastecimento em agua potavel. I – estudo dos manaciaes de Paranhos e Salgueiros. Porto: EMP.

Créditos: todos os meios
Em alguns casos, é possível que a história em destaque tenha sido criada por terceiros independentes, podendo nem sempre refletir as visões das instituições, listadas abaixo, que forneceram o conteúdo.
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