Na pintura de Jan Gossaert, dito Mabuse, a tradição flamenga, as influências da gráfica de Dürer e de Lucas van Leyden e a do Renascimento italiano, descoberto durante a sua viagem a Roma, em 1508, na comitiva do duque Felipe de Borgonha, convergem para originar uma das primeiras manifestações do Maneirismo nos Países Baixos. Uma composição muito semelhante nas figuras à da Casa Museu Eva Klabin encontra-se no museu Policka, na República Checa, sendo, porém, ambientada num interior com ornamentação clássica e possuindo uma paisagem no fundo. No quadro da Casa Museu Eva Klabin, o ambiente é mais íntimo e as figuras emergem da sombra. As vestimentas da Nossa Senhora possuem cores mais harmoniosas e quentes, acentuando a ternura do olhar da mãe e a sua atitude afetuosa e preocupada para com a criança. Na figura feminina transparece o eco de Lucas van Leyden, mas a composição parece derivada das gravuras de Dürer pela intensidade dos sentimentos. Especialmente pela escolha do momento em que a Madona levantando o véu quase parece consciente do futuro sacrifício da criança apoiada num plano de mármore sugerindo uma mesa de altar, sobre o qual brilham, como gotas de sangue vivo, algumas cerejas vermelhas. A pose do menino, de complexão atlética esperneando, indica que o pintor teve contato com as ideias de Michelangelo e de Rafael na Itália. A evidente presença de soluções estilísticas nórdicas, em particular a influência das composições de Dürer, sugere que a peça foi realizada num momento não distante da viagem do artista alemão à Flandres, por volta de 1520.
Você tem interesse em Visual arts?
Receba atualizações com a Culture Weekly personalizada
Tudo pronto!
Sua primeira Culture Weekly vai chegar nesta semana.