Os espaços sacros são realidades vivas em constante mutação. A catedral impõe-se pela sua presença visual e simbólica, constituindo um elemento definidor da envolvente ao longo da história, marcando o desenvolvimento e crescimento da urbe.

Exposição Imagens que se movem (Teaser) (2018)Faculdade de Letras da Universidade do Porto

Sinalização do caminho de Santiago junto à Catedral Portuense. (2018) de Louise PalmaFaculdade de Letras da Universidade do Porto

DINÂMICAS DO ESPAÇO SACRO

A igreja que hoje vemos resulta da leitura do século XX, que oculta múltiplas camadas criadas ao longo do tempo. O projeto foca-se na mobilidade das imagens, sujeitas às transformações do espaço urbano, da liturgia e da arquitetura. A Sé é entendida como uma realidade centrípeta e centrífuga das devoções que marcam a história do Porto. A narrativa é construída tendo em conta não a totalidade do património devocional da catedral, mas dos objetos que têm como fio condutor a mobilidade das imagens no interior do conjunto catedralício, da cidade para dentro da Sé e desta para a cidade.

Proposta de representação dos desaparecidos altares localizados nos pilares da Catedral. (2019) de Daniel CardeiraFaculdade de Letras da Universidade do Porto

Até ao século XVIII, os pilares foram sendo ocupados por altares e retábulos dedicados a vários santos.

Toque para explorar

A partir de 1717, este aparato denso é sacrificado a uma nova conceção mais fluída e comunicante do espaço da igreja; são removidos os altares dos pilares, sendo executados novos retábulos. Esta igreja é românica na sua estrutura, tendo sido continuamente transformada pela apropriação do espaço sempre sujeito às novas funcionalidades e gostos.

Imagem de Santiago Peregrino, madeira policromada e dourada, Séc. XVI. (2018) de Luís BravoFaculdade de Letras da Universidade do Porto

SÃO TIAGO | FESTA LITÚRGICA - 25 DE JUNHO

A imagem dos finais do século XVI, de provável influência flamenga, testemunha a devoção jacobeia em Portugal e na Catedral do Porto. A imagem do Apóstolo São Tiago respeita a iconografia do peregrino ostentando os atributos próprios de um romeiro: o manto, o bordão, a bolsa e o chapéu com vieira.

Sinalização do caminho de Santiago junto à Catedral Portuense. (2018) de Louise PalmaFaculdade de Letras da Universidade do Porto

A cidade do Porto constituía um importante centro de passagem e paragem para os peregrinos que se dirigiam a Santiago de Compostela.

Ainda hoje os romeiros carimbam na Sé “a Compostela”, um documento de creditação que comprova a passagem pelos pontos de referência do caminho que lhes confere a qualidade de peregrinos ao túmulo de São Tiago de Compostela.

Imagem de Santiago Peregrino, madeira policromada e dourada, Séc. XVI. (2018) de Luís BravoFaculdade de Letras da Universidade do Porto

O caráter protetor e funcional da vieira (os peregrinos usam-na para beber água) converteu-a no seu principal atributo, permanecendo até aos nossos dias como símbolo da tradição jacobeia.

Segura o Livro dos Evangelhos aberto na mão direita e tem os pés descalços, atributos que dizem respeito à sua condição de Apóstolo.

Claustro Velho da Sé do Porto, também designado de Claustro de los Naranjos. (2018) de Louise PalmaFaculdade de Letras da Universidade do Porto

No início de quinhentos, São Tiago tinha capela própria, situada no claustro velho.

Planta da Catedral com indicação das diferentes localizações da Imagem de São Tiago. (2018) de Francisco CostaFaculdade de Letras da Universidade do Porto

No século XVII, a imagem passou a ser cultuada no interior da catedral num altar próprio, instalado no segundo pilar à esquerda de quem entra na igreja. No século XVIII o altar foi deslocado para a nave lateral esquerda da Sé.

Sala do Cartório, local onde se conserva atualmente a imagem de Santiago. (2019) de Sara Almeida RochaFaculdade de Letras da Universidade do Porto

Atualmente, a imagem está exposta na Sala do Cartório.

Imagem de Santa Apolónia, madeira dourada e policromada, séc. XVIII. (2019) de Luís BravoFaculdade de Letras da Universidade do Porto

SANTA APOLÓNIA | FESTA LITÚRGICA - 9 DE FEVEREIRO

Virgem mártir de Alexandria, Santa Apolónia foi torturada tendo-lhe sido arrancados todos os dentes, o que explica que o seu principal atributo seja um torquez a segurar um dente.

Por esta razão é invocada para as doenças relacionadas com dentes e padroeira dos dentistas.

Tesouro da Catedral. (2018) de Pedro Augusto AlmeidaFaculdade de Letras da Universidade do Porto

O Tesouro da Catedral apresenta um relicário de Santa Apolónia contendo um dente (à esquerda).

Capela de São Pedro. (2019) de Diana FelíciaFaculdade de Letras da Universidade do Porto

No século XVII, encontrava-se uma imagem de Santa Apolónia no altar de São Pedro, no transepto, juntamente com Santa Luzia.

Planta da Catedral com indicação das diferentes localizações da Imagem de Santa Apolónia. (2018) de Francisco CostaFaculdade de Letras da Universidade do Porto

Com as remodelações do século XVIII, a devoção passou para um retábulo na nave lateral à esquerda de quem entra na igreja, por sua vez apeado durante a grande campanha de restauro do século XX. Encontra-se atualmente nas reservas.

Imagem de São Lourenço, madeira policromada, séc. XVIII (data provável). (2018) de Luís BravoFaculdade de Letras da Universidade do Porto

SÃO LOURENÇO | FESTA LITÚRGICA – 10 DE AGOSTO

Segundo a tradição, São Lourenço era irmão de Santa Apolónia. É invocado contra o fogo e protetor de todos as profissões a ele associado, tais como bombeiros, carvoeiros, cozinheiros, padeiros, vidreiros e engomadeiras. No dia da sua festa, os fieis abstinham-se de acender o fogo nas suas casas.

É representado jovem e com vestes de diácono...

tendo como principal atributo uma grelha (que segurava na mão esquerda) alusiva a um dos seus martírios.

Planta da Catedral com a indicação das diferentes localizações da imagem de São Lourenço. (2018) de Francisco CostaFaculdade de Letras da Universidade do Porto

Era venerado no século XVII no altar do terceiro pilar à direita de quem entra na igreja, juntamente com São Miguel. Com a eliminação deste elemento durante as obras do segundo quartel do século XVIII, passou para o retábulo da nave esquerda, juntamente com a sua irmã Santa Apolónia e São Caetano.

Imagem de São Pantaleão, madeira dourada e policromada, séc. XVIII. (2018) de Luís BravoFaculdade de Letras da Universidade do Porto

SÃO PANTALEÃO | FESTA LITÚRGICA - 27 DE JULHO

São Pantaleão começa a ser cultuado na cidade do Porto em meados do século XV. Mártir do século IV, São Pantaleão foi médico do imperador Galério Maximiano, tendo sofrido várias torturas e a morte por decapitação, por não renunciar à sua fé. Pantaleão é padroeiro de médicos, parteiras e invocado para as dores de cabeça.

Toque para explorar

São Pantaleão é elevado a padroeiro da cidade em 1499, sendo parte das suas relíquias transportadas da Igreja de São Pedro de Miragaia para a Sé.

Rua Arménia, Miragaia, Porto. (2018) de Pedro Augusto AlmeidaFaculdade de Letras da Universidade do Porto

Segundo a lenda, as relíquias do santo foram trazidas por um grupo de arménios, oriundos de Bizâncio, tendo chegado a Miragaia quando grassava uma epidemia que então desaparece miraculosamente.

A toponímia do local preserva a memória da referida lenda.

Arca relicário onde se conservam atualmente as relíquias de São Pantaleão, madeira dourada. (2018) de Pedro Augusto AlmeidaFaculdade de Letras da Universidade do Porto

Uma parte das relíquias do santo está hoje guardada na capela-mor da Sé numa caixa-relicário do século XVIII.

Caixa relicário de São Pantaleão. (2018) de Pedro Augusto AlmeidaFaculdade de Letras da Universidade do Porto

Braço relicário de São Pantaleão, prata, séc. XVI. (2018) de Pedro Augusto AlmeidaFaculdade de Letras da Universidade do Porto

Um osso do braço do santo está exposto no Museu da Confraria de São Pedro de Miragaia.

Busto Relicário de São Pantaleão, prata dourada, séc. XVI. (2018) de Pedro Augusto AlmeidaFaculdade de Letras da Universidade do Porto

No Museu Nacional de Soares dos Reis guarda-se uma cabeça-relicário de São Pantaleão proveniente da Sé do Porto, que guarda também relíquias Santo Estêvão, Santa Eufémia e Santa Clara.

Planta da Catedral com a indicação das diferentes localizações da imagem de São Pantaleão. (2018) de Francisco CostaFaculdade de Letras da Universidade do Porto

A referência mais antiga à localização de uma imagem de São Pantaleão remonta ao século XVII, estando presente no altar da Santíssima Trindade, no terceiro pilar do lado direito de quem entra na igreja.

Capela de São Vicente (2019) de Diana FelíciaFaculdade de Letras da Universidade do Porto

No século XX encontrava-se na capela de São Vicente, estando hoje no altar de Nossa Senhora do Presépio, no transepto da igreja.

Imagem de Nossa Senhora da Vandoma, calcário policromado, séc. XIV. (2018) de Luís BravoFaculdade de Letras da Universidade do Porto

NOSSA SENHORA DA VANDOMA | FESTA LITÚRGICA - 11 DE OUTUBRO

Nossa Senhora da Vandoma é a atual padroeira da cidade do Porto. A escultura, em calcário e com 1,87cm de altura, representa Nossa Senhora com o Menino, imagem muito difundida desde a Idade Média. Segundo a lenda, terá vindo de Vendôme (França) no século X, trazida por uma armada de gascões que aqui aportou para combater os mouros.

As características formais da imagem são, no entanto, incompatíveis com as que se verificavam no século X.

O menino segura um pintassilgo na mão, símbolo do sangue derramado por Cristo na cruz.

Antigo Arco da Vandoma, "Olhares sobre o Porto Medieval", Gravuras, nº 5.Faculdade de Letras da Universidade do Porto

A imagem que vemos no altar encontrava-se inicialmente no arco da Porta da Vandoma.

Toque para explorar

Esta porta da muralha localizava-se na atual calçada da Vandoma.

Planta da Catedral com a indicação das diferentes localizações da imagem de N. S. da Vandoma. (2018) de Francisco CostaFaculdade de Letras da Universidade do Porto

Após a demolição do Arco, em 1855, a imagem foi recolhida na capela de S. Vicente da Sé, tendo novamente sido deslocada para o local onde hoje se encontra, em 1968.

Imagem do Senhor do Além, madeira policromada, séc. XVIII., Pedro Augusto Almeida, 2018, Da coleção de: Faculdade de Letras da Universidade do Porto
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Este altar era então dedicado ao Senhor do Além, sendo ocupado ao centro por uma imagem de Cristo na cruz ( atualmente na Sala do Cartório)...

Imagem de vestir de N. S. das Dores, madeira policromada, séc. XIX., Pedro Augusto Almeida, 2018, Da coleção de: Faculdade de Letras da Universidade do Porto
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e tinha aos pés uma imagem de vestir de de Nossa Senhora das Dores (atualmente na sala das reservas).

Imagem de Nossa Senhora da Batalha, calcário policromado, séc. XIV. (2018) de Luís BravoFaculdade de Letras da Universidade do Porto

NOSSA SENHORA DA BATALHA

De acordo com a tradição, a imagem teria chegado à cidade juntamente com a da Senhora da Vandoma, trazida pela mesma armada que veio combater os mouros. Por ter propiciado a vitória dos cristãos recebeu o título da Batalha. No final do século XVI foi construída uma capela revestida a azulejo junto à Porta de Cimo de Vila, onde era venerada a imagem milagrosa de Nossa Senhora da Batalha. A escultura que era habitualmente vestida, foi enriquecida no século XVII com uma nova indumentária gravada e pintada na pedra .

Capela de Nossa Senhora da Batalha (interior). (1900)Faculdade de Letras da Universidade do Porto

Em 1792, na sequência dos estragos causados pelo terramoto de 1755, esta capela foi demolida e construída uma outra em local muito próximo.

Imagem de Nossa Senhora da Batalha, calcário policromado, séc. XIV. (2018) de Luís BravoFaculdade de Letras da Universidade do Porto

É uma escultura representativa da Virgem da Ternura, iconografia que estreita a relação emocional entre a Mãe e o Filho.

Planta da Catedral com a indicação das diferentes localizações da imagem de N. S. da Batalha. (2018) de Francisco CostaFaculdade de Letras da Universidade do Porto

Na sequência da demolição da segunda capela, a imagem é legada ao Postigo do Sol (Lar das Meninas Desamparadas) e depois acolhida na Sé.

Altar de Nossa Senhora do Presépio, meados do século XX. de Teófilo RegoFaculdade de Letras da Universidade do Porto

Até 1968 esta imagem de Nossa Senhora da Batalha esteve no altar de Nossa Senhora do Presépio.

Capela de São João Evangelista. (2019) de Diana FelíciaFaculdade de Letras da Universidade do Porto

Está atualmente exposta na Capela de São João Evangelista, junto ao claustro.

Imagem de Nossa Senhora da Silva, calcário policromado, séc. XV. (2018) de Luís BravoFaculdade de Letras da Universidade do Porto

NOSSA SENHORA DA SILVA | FESTA LITÚRGICA – 1º DOMINGO DE JUNHO

Imagem tida como milagrosa, ao ponto de se considerar relíquia a própria matéria de que é feita, eram e ainda são frequentes as ofertas e ex-votos a Nossa Senhora da Silva. Intercessora privilegiada, guiava as almas, retirando-lhes as silvas do caminho na viagem para o Além, o que explica a sua grande devoção e as muitas missas que lhe eram dedicadas logo após o falecimento de alguém. A designação da Senhora da Silva provem da lenda que refere ter a imagem aparecido num silvado, no tempo de D. Afonso Henriques e em contexto da Reconquista Cristã. No século XVI, o ofício dos ferreiros, um dos mais prestigiados da cidade, escolheu-a como padroeira.

Esta imagem deverá ter sido vestida até ao século XVII, quando a escultura foi transformada...

tendo sido alvo de alterações no rosto e na roupagem, tal como a vemos atualmente.

Tela oitocentista que cobria o altar durante a Quaresma. (2018) de Pedro Augusto AlmeidaFaculdade de Letras da Universidade do Porto

Desta imagem terão sido muito devotas a rainha D. Mafalda, mulher do primeiro rei e a princesa D. Mafalda, filha do rei D. Sancho I, tendo esta última enriquecido o tesouro da catedral com vestes e ornamentos seus.

A tela que ainda hoje se conserva enrolada sobre o altar, da autoria do pintor portuense António José da Costa, e que era descida na Quaresma, representa as doações da infanta a Nossa Senhora da Silva.

Planta da Catedral com a indicação das diferentes localizações de Nossa Senhora da Silva. (2018) de Francisco CostaFaculdade de Letras da Universidade do Porto

As notícias mais antigas relativas à imagem de Nossa Senhora da Silva remontam a meados do século XVI, referindo-se a documentação à existência de dois altares da mesma invocação: um numa capela do claustro e outro num altar junto ao segundo pilar à direita de quem entra na igreja. A imagem permaneceu neste lugar até 1722, ano em que é transferida para o retábulo onde hoje se encontra, executado entre 1719 e 1720.

Claustro. (2019) de Diana FelíciaFaculdade de Letras da Universidade do Porto

Toque para explorar

Confraria de Nossa Senhora da Silva (Rua dos Caldeireiros).

Confraria de Nossa Senhora da Silva. (2018) de Pedro Augusto AlmeidaFaculdade de Letras da Universidade do Porto

A sede desta confraria foi deslocada no século XVIII para a Rua dos Caldeireiros, onde ainda hoje se encontra, realizando-se a Sua festa no primeiro Domingo de junho.

Imagem de São Brás, madeira policromada, dourada e estofada, séc. XVIII. (2018) de Luís BravoFaculdade de Letras da Universidade do Porto

SÃO BRÁS | FESTA LITÚRGICA – 3 DE FEVEREIRO

São Brás, um dos santos mais cultuados na cristandade, morreu em 316, vítima das perseguições aos cristãos no tempo do Imperador Diocleciano. Santo Curador, a lenda atribuí-lhe inúmeros milagres.

Entre os milagres que realizou destaca-se o da espinha de peixe cravada na garganta de uma criança, representado nesta imagem.

São Brás é invocado para a cura de todas as enfermidades relacionadas com a garganta...

Ex-votos de prata, em forma circular, oferecidos ao Santo. (2018) de R. CastroFaculdade de Letras da Universidade do Porto

razão pela qual os devotos Lhe oferecem ex-votos (ofertas por graça recebida) em cera ou metal, de forma circular (alusiva à garganta), no dia da Sua festa, sendo por isso protetor dos laringologistas.

Planta da Catedral com a indicação das diferentes localizações da imagem de São Brás. (2018) de Francisco CostaFaculdade de Letras da Universidade do Porto

A imagem encontra-se neste altar desde o século XVIII, após ter estado num outro altar, situado no claustro.

Imagem de Santa Luzia, madeira dourada e policromada, séc. XVIII. (2018) de Luís BravoFaculdade de Letras da Universidade do Porto

SANTA LUZIA | FESTA LITÚRGICA - 13 DE DEZEMBRO

Santa Luzia de Siracusa é uma mártir do século IV, alvo de grande devoção até aos nossos dias. Por se ter recusado a renunciar à Fé em Cristo e por ter sido violentamente torturada e martirizada, ostenta nas mãos uma palma, símbolo dos mártires, por vezes uma espada alusiva à forma como morreu, um livro referente à sua sabedoria e um prato com olhos, o seu principal atributo.

Uma vez que o nome Luzia significa “a luminosa” ou “aquela que irradia luz” (do latim "lux", "luz") ...

cedo se associou o seu nome à visão e, consequentemente, à proteção das doenças dos olhos.

Ex-votos em cera, em forma de olhos, oferecidos a Santa Luzia por altura da sua festa., R. Castro, 2018, Da coleção de: Faculdade de Letras da Universidade do Porto
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Os devotos oferecem-lhe ex-votos em forma de olhos, em metais preciosos, cera ou pintados.

Ex-votos de prata, em forma de olhos, oferecidos a Santa Luzia por altura da sua festa., R.Castro, 2018, Da coleção de: Faculdade de Letras da Universidade do Porto
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Muitos ex-votos de ouro e prata eram estampados, técnica que consiste na obtenção de um relevo a partir de um molde (de bronze, ferro ou aço), que é pressionado sobre uma chapa de metal através de batimentos sucessivos de martelo.

Processo de estampagem de ex-votos. (2019) de Pedro Augusto AlmeidaFaculdade de Letras da Universidade do Porto

Este processo continua em execução na Oficina Fernando Martins Pereira & Ca. Lda, localizada em S. Cosme (Gondomar).

Planta da Catedral com a indicação das diferentes localizações da imagem de Santa Luzia. (2018) de Francisco CostaFaculdade de Letras da Universidade do Porto

No século XVII, uma imagem de Santa Luzia encontrava-se no altar de São Pedro, acompanhada por Santa Apolónia de Alexandria. Um altar dedicado a Santa Luzia é referido na documentação do século XVIII, situado na nave à direita de quem entra na igreja. A jovem mártir estava acompanhada pelas imagens de Santo António e São Rodrigo, estando a sua festa a cargo da confraria dos pedreiros. Estes altares das naves são removidos no século XX durante a campanha de restauro pela Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, tendo a imagem sido transferida para o altar de Nossa Senhora da Silva, onde se encontra.

Imagem de Santa Ana, madeira policromada e dourada, séc. XVIII. (2018) de Luís BravoFaculdade de Letras da Universidade do Porto

SANTA ANA | FESTA LITÚRGICA - 26 DE JULHO

Mãe da Virgem Maria, Santa Ana é alvo de grande devoção desde a Idade Média. A devoção à Santa relaciona-se naturalmente com a maternidade, sendo protetora das parturientes, recém-nascidos e, juntamente com São Joaquim, padroeira dos avós. O retábulo é rematado com a representação do episódio “Regresso da Fuga para o Egito”, tema que estreita os valores de família presentes neste retábulo.

O seu papel de educadora da Virgem popularizou a sua representação como Santa Ana Mestra, sendo igualmente exaltada como esposa modelar.

A expressão de ternura e a doçura do olhar permeia a comunicação com o devoto e atrai o olhar do observador para a imagem.

Planta da Catedral com a indicação das diferentes localizações da imagem de Santa Ana. (2018) de Francisco CostaFaculdade de Letras da Universidade do Porto

Está documentada uma capela dedicada a Santa Ana, no claustro, no século XVI. O atual retábulo deverá ter sido executado depois de 1717, tendo sido dourado, pintado e a imagem novamente revestida com policromia, entre 1720 e 1725.

Antigo Arco da Vandoma, "Olhares sobre o Porto Medieval", Gravuras, nº 5., Manuel Macedo (desenhista) e Francisco Pastor (ilustrador), Da coleção de: Faculdade de Letras da Universidade do Porto
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A devoção a Santa Ana na cidade do Porto pode também ser testemunhada por lhe ter sido dedicada uma das portas da muralha medieval, conhecida como o Arco de Santana.

Aspeto atual do local onde ficava antigo Arco de Santa Ana., Pedro Augusto Almeida, 2018, Da coleção de: Faculdade de Letras da Universidade do Porto
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Imagem de São Gonçalo de Amarante, madeira policromada e dourada, séc. XVII. (2018) de Luís BravoFaculdade de Letras da Universidade do Porto

SÃO GONÇALO | FESTA LITÚRGICA - 10 DE JANEIRO

São Gonçalo de Amarante (1187-1259) é um dos beatos portugueses mais populares tendo sido beatificado em 1561. Santo padroeiro dos viajantes, das mulheres solteiras, casamentos tardios, amores clandestinos, difíceis e impossíveis, São Gonçalo é um protetor dos assuntos do coração. A imagem de São Gonçalo é de madeira policromada.

Toque para explorar

É atribuída ao santo a construção da ponte de Amarante, o que lhe conferiu o caráter de protetor dos caminhos, sendo por essa razão, também associado às peregrinações a S. Tiago.

Imagem de São Gonçalo de Amarante, madeira policromada e dourada, séc. XVII. (2018) de Luís BravoFaculdade de Letras da Universidade do Porto

Está representado de pé, envergando hábito dominicano ...

e segurando na mão esquerda um livro e um báculo na mão direita, sendo estes os seus principais atributos.

Planta da Catedral com a indicação das diferentes localizações da imagem de São Gonçalo. (2018) de Francisco CostaFaculdade de Letras da Universidade do Porto

Em meados do século XVI temos notícia da existência de um altar em honra do beato milagreiro. No século XVII é já possível precisar a sua localização no segundo pilar da igreja à esquerda de quem entra, sofrendo nova mobilidade nos séculos XVIII e XIX.

Capela de São Roque localizada na Rua do Souto e demolida em 1877., Da coleção de: Faculdade de Letras da Universidade do Porto
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O altar era da responsabilidade da Confraria de S. Gonçalo de Amarante que existia, pelo menos, desde 1599, sendo transferida, no século XVIII, para a Capela de S. Roque situada na rua do Souto.

Créditos: história

FICHA TÉCNICA | ABOUT THE EXHIBITION

COORDENAÇÃ E COMISSÃO CIENTÍFICA | EXHIBITION COORDINATORS AND SCIENTIFIC COMMISSION: Lúcia Rosas (FLUP/CITCEM) & Ana Cristina Sousa (FLUP/CITCEM)

CURADORIA | CURATORSHIP: Lúcia Rosas (FLUP/CITCEM), Ana Cristina Sousa (FLUP/CITCEM) & Diana Felícia (FLUP/CITCEM).

TEXTOS | TEXTS: Textos de Lúcia Rosas (FLUP/DCTP/CITCEM) e Ana Cristina Sousa (FLUP/DCTP/CITCEM) a partir da investigação desenvolvida pelos estudantes do 1.º ano do Mestrado em História da Arte, Património e Cultura Visual 2017/ 2018 (FLUP).

PRODUÇÃO E ORGANIZAÇÃO | PRODUCTION AND ORGANIZATION: DCTP/FLUP & CITCEM/FLUP

EQUIPA TÉCNICA | TECHNICAL TEAM: Diana Felícia e Pedro Augusto Almeida

PRODUÇÃO | PRODUCTION: Cecília Cardoso, Daniel Cardeira, Diana Felícia, Francisco Velho da Costa, Pedro Augusto Almeida, Sara Almeida Rocha e Vanessa Reis.

APOIOS | SPONSORS: Cabido Portucalense, FLUP – Faculdade de Letras da Universidade do Porto, CITCEM – Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura Espaço e Memória, Reitoria Universidade do Porto, DRCN – Direção Regional de Cultura do Norte, MNSR – Museu Nacional Soares dos Reis, Confraria de São Pedro de Miragaia, Oficina Fernando Martins Pereira e Ca, Lda.

CRÉDITOS DE IMAGEM | IMAGE CREDITS:
Arquivo Histórico Municipal do Porto
Direção Geral do Património Cultural
Daniel Cardeira
Diana Felícia
Francisco Velho da Costa
Renato Castro
Louise Palma
Luís Bravo
Pedro Augusto Almeida
Sara Almeida Rocha

CRÉDITOS MUSICAIS | MUSIC CREDITS
Coro da Sé do Porto
Rui Teixeira

TRADUÇÃO | TRANSLATION: André Miguel de Castro

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