150 anos do gás em São Paulo: o início

150 anos do gás

Há 150 anos, em 28 de agosto de 1872, a empresa inglesa San Paulo Gas Company foi autorizada a atuar no Brasil Império, marcando o início da consolidação do uso do gás no Brasil a partir do Estado de São Paulo. O gás encanado, inicialmente produzido a partir do carvão, hoje substituído pelo gás natural, esteve ao longo da história de São Paulo em momentos de transformação dos modos de viver, como na implantação da iluminação pública; ao entrar nas casas para iluminar; e, finalmente, para substituir os fogões a lenha e para aquecer os banhos.

Convidamos você a conhecer um pouco mais sobre os primeiros anos dessa história.

Vista parcial do pátio da Usina de Gás de carvão (1922)Fundação Energia e Saneamento

Vista parcial do pátio da Usina de Gás de carvão. Vê-se, ao fundo, o Palácio das indústrias; à esquerda, vista parcial do edifício da Casa das Retortas e guincho a vapor; ao centro, pilha de carvão coque e carroça para a venda do subproduto; e, à direita, o prédio administrativo da San Paulo Gas Company. 

Construção do Gasômetro nº 1 na Rua da Figueira (1890)Fundação Energia e Saneamento

Construção do Gasômetro nº 1 na Rua da Figueira. Grupo de trabalhadores e, ao fundo, o balão com a sua estrutura metálica externa de sustentação dos anéis já erguida. Em primeiro plano, à direita, os trabalhadores-chefes trajando terno completo e chapéu.

Vista parcial do pátio da Usina de Gás de Carvão (1910)Fundação Energia e Saneamento

Não se sabe exatamente se foi proposital ou casual, em 1609, a descoberta do gás pelo químico holandês Jan Baptista van Helmont. Este feito, inclusive, ocorreu antes mesmo da descoberta da composição do ar que respiramos.

Esquina da então Rua Capitão Salomão, em direção à Rua 11 de Agosto, mostrando iluminação pública (1910)Fundação Energia e Saneamento

Até mais da metade do século XIX, havia pouquíssima iluminação nas ruas da cidade de São Paulo, fornecida a partir de alguns lampiões a azeite de baleia ou de mamona. Em comparação, a cidade de Londres, por exemplo, contava com iluminação pública por lampiões de gás desde 1807. Baltimore, nos Estados Unidos, foi a pioneira nas Américas, e instalou sistema parecido em 1816. Esse foi o começo de um novo capítulo da história da energia no mundo.

Acendedor de lampião (Sem data)Fundação Energia e Saneamento

Antes do gás a carvão

O início dos serviços para iluminação pública na cidade de São Paulo contou com uma troca constante de concessionários e experimentação de diferentes combustíveis. O primeiro foi estabelecido em 1844, quando Bernardo Justino da Silva assinou contrato para o serviço, com a instalação de lampiões de azeite. Após o azeite, entre os diversos combustíveis testados, houve a iluminação por “hidrogênio líquido” (expressão da época), camphion (mistura de aguarrás e álcool), até chegar no serviço a “gás de hidrogênio carbonado”, em 1863, por Jacques Dutton e Francisco Taques Alvim. Estes sócios, no entanto, não conseguiram executar a sua proposta e transferiram a concessão para um grupo de empresários que fundaram em Londres a San Paulo Gas Company Ltd, em dezembro de 1869.

Modelo de lampião a gás com poste curto, 1908, Da coleção de: Fundação Energia e Saneamento
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Lampião a gás em modelo vitoriano (Sem data), Da coleção de: Fundação Energia e Saneamento
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Centro iluminado

Inicialmente apenas as vias centrais da capital paulista contavam com iluminação,
enquanto o restante da cidade continuava no escuro. Hoje, esta região equivale apenas ao “centro antigo” de São Paulo.

Vista externa da Subestação Paula Souza (1926-12-01)Fundação Energia e Saneamento

Os novos lampiões, caracterizados pela sua graça e elegância, contribuíram para a modernização da paisagem paulistana.

Rua Florêncio de Abreu (1900), de Guilherme GaenslyFundação Energia e Saneamento

Você sabia?

Em 1880, o Major Diogo Antônio de Barros foi o primeiro paulistano a ter a sua residência iluminada com luz elétrica, na Rua Florêncio de Abreu.

Vista parcial do Jardim da Luz (1908-03-21), de Guilherme GaenslyFundação Energia e Saneamento

Você sabia?

Em 1883, 1.900 pessoas pagaram ingressos para ver a grande novidade: a inauguração da iluminação a gás no Jardim da Luz. Os postes permaneceram no parque até o ano de 1933.

Ao fundo, à direita, está a primeira fábrica de gás canalizado de São Paulo, chamada de Casa das Retortas (1888)Fundação Energia e Saneamento

Ao fundo, à direita, está a primeira fábrica de gás canalizado de São Paulo, chamada de Casa das Retortas. No pátio, ao centro, tubulação em ferro fundido para a canalização do gás e pilhas de carvão mineral (hulha), matéria prima para a produção do gás. 

O Gasômetro

O lugar escolhido para a construção do gasômetro foi o terreno da Chácara do Ferrão, hoje conhecido como Rua do Gasômetro, no bairro do Brás, que tinha sido propriedade da Marquesa de Santos.

Na noite de 6 de janeiro de 1872 foram acendidos, de modo experimental, os primeiros lampiões a gás em São Paulo. A inauguração oficial se deu no dia 31 de março do mesmo ano, dia em que D.Pedro II, então Imperador do Brasil, voltou de viagem ao exterior.

Em 28 de agosto de 1872, há exatos 150 anos, a San Paulo Gas Company recebeu, por meio de decreto imperial, a concessão para atuar no Brasil Império.

Vista parcial do pátio da fábrica de gás de carvão (1900)Fundação Energia e Saneamento

Vista parcial do pátio da fábrica de gás de carvão. Ao centro, depósito de coque e carroças para venda deste subproduto. Na margem superior, à esquerda, vê-se parte da estrutura metálica do 2º gasômetro construído pela The San Paulo Gas.

Vista das obras da Casa das Retortas da Rua Figueira, na esquina com a Rua Maria Domitila, 1900, Da coleção de: Fundação Energia e Saneamento
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Vista frontal do edifício na Rua da Figueira, 1915, Da coleção de: Fundação Energia e Saneamento
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Pátio do Gasômetro (1915)Fundação Energia e Saneamento

Pátio do Gasômetro. Em primeiro plano, à esquerda, carroça e caminhões para transporte de subprodutos resultantes da queima do carvão, como coque e piche. Ao fundo, à esquerda, a Casa das Retortas e, ao centro, o Palácio das Indústrias em construção. À direita, prédio administrativo da Cia de Gás.

Usina de Gás de Carvão, tomada do Palácio das Indústrias (1915)Fundação Energia e Saneamento

Usina de Gás de Carvão, tomada do Palácio das Indústrias. Em primeiro plano, cruzamento das ruas do Gasômetro e da Figueira. Em segundo plano, a Casa das Retortas.

Vista geral da área do Gasômetro (1922)Fundação Energia e Saneamento

Vista geral da área do Gasômetro. Ao Centro, usina de Gás de Carvão; à direita, ao fundo, vista parcial da Praça dos Balões e, em primeiro plano, o Parque Dom Pedro II.

Pode-se observar um bonde elétrico na Rua do Gasômetro.

Pode-se observar a locomotiva utilizada no transporte de carvão na Rua da Figueira.

Edifício do Complexo do Gasômetro (1927)Fundação Energia e Saneamento

Novos compressores de gás utilizados nos sistema de distribuição de gás de carvão canalizado em São Paulo, 1927-11-30, Da coleção de: Fundação Energia e Saneamento
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Aparelho de produção de gás de água carburado (nº 3), da Fábrica de Gás de Carvão, 1927-11-30, Da coleção de: Fundação Energia e Saneamento
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Bateria nº 5, mostrando funis e máquina de carregar retortas, na Usina do Gasômetro. (1928)Fundação Energia e Saneamento

Na fotografia, vemos o processo de ampliação da oficina e depósito da empresa The San Paulo Gas Company (1932-05-01)Fundação Energia e Saneamento

Aumento na produção

O aumento exponencial do consumo que acompanhou o ritmo de desenvolvimento da cidade resultou na ampliação da produção de gás. Para viabilizar essa alta demanda, o processo de reformas e novas construções foi recorrente entre os anos de 1871 e 1954.

Foto do prédio administrativo da Companhia de Gás de São Paulo (Sem data)Fundação Energia e Saneamento

O edifício que pertenceu à Marquesa de Santos, Maria Domitila de Castro Canto e Melo, entre 1834 e 1867, e também era conhecido como Palacete do Carmo, tem sua história ligada ao gás. Em 1909, o edifício foi adquirido pela The San Paulo Gaz Co., que instalou nele sua sede administrativa. Em 1967, passou à prefeitura e, oito anos depois, tornou-se sede da Secretaria Municipal de Cultura. Atualmente, o prédio é sede do Museu da Cidade de São Paulo.

Foto do prédio administrativo da Companhia de Gás de São Paulo após a segunda reforma e ampliação de anexos e alteração da fachada (1930)Fundação Energia e Saneamento

Oficina de conserto de medidores na Figueira - locomotiva nº 3 (1930)Fundação Energia e Saneamento

A locomotiva da foto e a locomotiva nº 02 da ferrovia de Santo Amaro eram conhecidas pelo apelido de Souza Queiroz.

Trabalhadores da Oficina de Medidores de Gás, na Rua da Figueira (1940-04-04)Fundação Energia e Saneamento

Construção do balão de compensação, na área das Retortas, dito Relief Holder, com capacidade de 8.500 metros cúbicos (1939)Fundação Energia e Saneamento

Interior do Solar da Marquesa de Santos, na rua do Carmo, hoje rua Roberto Simonsen, onde funcionou a loja de equipamentos e escritório da The San Paulo Gas Co (Sem data)Fundação Energia e Saneamento

Interior do Solar da Marquesa de Santos, na rua do Carmo, hoje rua Roberto Simonsen, onde funcionou a loja de equipamentos e escritório da The San Paulo Gas Co. Em primeiro plano, vários modelos de equipamentos domésticos para gás, em exposição. Ao fundo, guichês para  atendimento dos consumidores.

Em 1899, com a chegada da Light em São Paulo - que iria obter o controle acionário da San Paulo Gas Company em 1912 -, e o início das prestações de serviços para geração e distribuição de energia elétrica, bondes eletrificados e iluminação pública à eletricidade, o panorama mudou. A São Paulo Gas Company foi perdendo mercado para a iluminação pública e começou a investir em aquecedores de água e fogões, trazendo inovações na forma de se viver da porta para dentro.

Material de publicidade da Companhia de Gás de São Paulo no Cinema Odeon (1937)Fundação Energia e Saneamento

Você sabia?

O primeiro fogão a gás da cidade de São Paulo foi instalado no antigo Palácio do Governo.

Propaganda da empresa “Societe Anonyme Du Gaz”, indicando os benefícios da compra de um fogão a gás (1931-11-01)Fundação Energia e Saneamento

Uso doméstico

A demanda por novas tecnologias do gás para o interior das casas precisou ser criada através de propagandas.

Propaganda da empresa “Societe Anonyme Du Gaz” incentivando o uso de fogão a gás nas residências, 1935-05-01, Da coleção de: Fundação Energia e Saneamento
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Propaganda da empresa “Cruzwaldinha Cruzol” incentivando o uso de aquecedores a gás nas residências, 1930-04-01, Da coleção de: Fundação Energia e Saneamento
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E essa história não terminou…

Aqui, contamos um pouco das primeiras décadas do uso do gás em terras paulistas. Mas, a partir dos anos 1980, a distribuição de gás foi se expandindo para o interior do estado.

Ao longo do tempo, além da expansão do serviço, grandes transformações ocorreram no setor. Inicialmente produzido a partir do carvão, o gás foi, mais tarde, obtido da nafta, até chegar ao gás natural explorado hoje, na década de 1980.

Em 1988, algumas residências no Jardim Ida Kolb, na capital, foram as primeiras a receber o abastecimento doméstico de gás natural. Poucas décadas depois, o gás natural passou a fazer parte do dia a dia das pessoas, do cozimento dos alimentos ao aquecimento de água. Já os primeiros veículos movidos a gás natural (GNV) começaram a circular no início da década de 1990.

Hoje, mais de 2,2 milhões de domicílios utilizam o gás em casas e indústrias, em 92 municípios paulistas, e mais de 5.400 veículos já foram convertidos para uso de GNV como combustível.

Veículo da Companhia de Gás de São Paulo (1935-07)Fundação Energia e Saneamento

Créditos: história

FUNDAÇÃO ENERGIA E SANEAMENTO

Conselho de Administração
Presidente | Renato de Oliveira Diniz
Diretora Executiva | Rita de Cassia Martins Souza 

Empresas mantenedoras, patrocinadoras e parceiras
Danillo Sene | Enel
Salete da Hora | CTG Brasil
Mario Luiz do Nascimento Oliveira | EMAE
Renato Erdmann Gonçalves  | Sabesp
Ovidio J. Santos Jr. | CESP

Comunidade com notória capacidade
Gildo Magalhães dos Santos Filho
Renato de Oliveira Diniz
Sergio Augusto de Arruda Camargo
Sueli Angelo Furlan 

Representante dos empregados
Denis Quartim De Blasiis 

Conselho Fiscal
Daniel Jesus de Lima | EMAE
Camila Vannozzi Marques | CESP
Francisco José Cavalcante Júnior | Sabesp 


EXPOSIÇÃO “150 ANOS DO GÁS EM SÃO PAULO: O INÍCIO”
Acervo Fundação Energia e Saneamento
Curadoria: Danieli Giovanini
Projeto Expográfico | Pesquisa e seleção de acervo | Textos: Danieli Giovanini
Tradução: Gabriel Almeida Couri
Revisão: Mariana de Andrade Dias da Silva
Designer Gráfico: Fernando de Sousa Lima
Apoio Técnico: Isabella de Souza Matsura (Google Arts & Culture)

Créditos: todas as mídias
Em alguns casos, é possível que a história em destaque tenha sido criada por terceiros independentes. Portanto, ela pode não representar as visões das instituições, listadas abaixo, que forneceram o conteúdo.
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