Aljubarrota - em memória de uma batalha

Viagem pela arquitetura e pela escultura

Túmulo de D. João I e D. Filipa de Lencastre - Capela do Fundador (1415/1434) de Unidentified artistMosteiro da Batalha

Afirmação de independência

O Mosteiro da Batalha comemora a vitória portuguesa sobre Castela, na chamada Batalha de Aljubarrota que teve lugar, nas proximidades, a 14 de agosto de 1385. O recentemente aclamado rei D. João I prometeu a Nossa Senhora que mandaria construir um mosteiro, caso Portugal saísse vencedor, conservando assim a sua independência. Esta circunstância proporcionou um florescimento sem precedentes da arquitetura, da escultura e do vitral, nos 130 que se seguiram, transformando-se a Batalha num centro de convergência artística internacional.

Coroação da Virgem - portal ocidental da igreja (1420/1440) de HuguetMosteiro da Batalha

O mosteiro é dedicado a Nossa Senhora da Vitória por causa de um voto feito por D. João Ina véspera da festa da Assunção da Virgem. Aqui a Virgem Maria está a ser coroada por Cristo como Rainha dos Céus.

Abóbadas superiores da igreja (1420/1440) de HuguetMosteiro da Batalha

Tendo a igreja levado muito tempo a ser acabada (cerca de 50 anos), a sua construção foi dirigida por dois mestres diferentes: primeiro, Afonso Domingues e, depois, Huguet, que certamente era francês.

Portal do transepto da igreja (1388/1406) de Afonso DominguesMosteiro da Batalha

Monumental como nenhum antes dele, em Portugal, este portal segue, no entanto, uma tradição nacional que recua ao século XIII: arquivoltas com decoração geométrica coroadas por um gablete.

Portal ocidental da igreja (1420/1440) de HuguetMosteiro da Batalha

O portal ocidental foi uma das últimas partes da igreja a serem concluídas, testemunhando uma primeira aprendizagem do arquiteto em França. Porém, o tímpano remete-nos para uma tradição ibérica.

Arquivoltas do portal ocidental da igreja (1420/1440) de HuguetMosteiro da Batalha

Capela do Fundador - interior (1415/1434) de HuguetMosteiro da Batalha

Quando a igreja se aproximava da sua conclusão, D. João I decidiu mandar construir, a par da mesma, o mausoléu da sua família. Trata-se de um dos primeiros edifícios góticos flamejantes da Península Ibérica.

‏‏‎ Túmulo de D. João I e D. Filipa de Lencastre (1415/1434) de Unidentified artistMosteiro da Batalha

O túmulo de D. João I e D. Filipa de Lencastre, no centro da capela, mostra os seus jacentes de mão dada, o gesto crucial da celebração do matrimónio.

Capela do Fundador - abóbada central (1415/1434) de HuguetMosteiro da Batalha

As abóbadas estreladas com três arranques de nervura por canto e nove chaves de abóbada são um sinal claro da estância de Huguet na Coroa de Aragão e no Reino de Navarra, antes de chegar à Batalha.

Sala do capítulo - interior (1388/1477) de Afonso Domingues, Huguet, Martim Vasques e Fernão de ÉvoraMosteiro da Batalha

A sala do capítulo foi começada no reinado de D. João I e acabada apenas no tempo de seu neto, D. Afonso V. Conta uma lenda que a abóbada caiu por duas vezes com grandes perdas humanas.

Claustro Real - galeria norte (1406/1515) de Huguet e Mateus FernandesMosteiro da Batalha

O Claustro Real foi iniciado por Afonso Domingues e concluído por Huguet que, no essencial, respeitou a traça do primeiro mestre. O preenchimento exuberante dos vãos é posterior, devendo-se a Mateus Fernandes.

Toque para explorar

Bandeira de janela e suas colunas (pormenor) - Claustro Real (1495/1515) de Mateus FernandesMosteiro da Batalha

No reinado de D. Manuel I, o Claustro Real foi enobrecido com requintada escultura que preenche o terço superior dos vãos das janelas. Conta-se entre as primeiras obras de arte apelidadas de manuelinas.

Pavilhão do lavabo - Claustro Real (1406/1515) de Huguet e Mateus FernandesMosteiro da Batalha

O lavabo encontra-se perto do refeitório, sendo abastecido ainda pela fonte primitiva. A lavagem de mãos antes das refeições era um ritual importante mas este lugar servia também a higiene pessoal dos frades.

Claustro de D. Afonso V (1448/1477) de Fernão de ÉvoraMosteiro da Batalha

No reinado de D. Afonso V, foi construído um novo claustro, num estilo sóbrio que é partilhado por outros edifícios reais e principescos do mesmo período em Portugal.

Claustro de D. Afonso V - andar superior (1448/1477) de Fernão de ÉvoraMosteiro da Batalha

No piso superior estavam instaladas as celas dos frades e dos noviços, bem como a livraria e o cartório. As dependências do piso térreo compreendiam uma despensa, a casa da lenha, o armazém do azeite, um lagar de vinho e oficinas.

Capelas Imperfeitas - exterior (1437/1533) de Huguet e Mateus FernandesMosteiro da Batalha

D. Duarte, filho do fundador do mosteiro, encomendou a sua própria capela funerária mas morreu pouco tempo a seguir. A edificação foi levada a cabo, com muitas interrupções, pelos seus sucessores, ficando definitivamente suspensa em 1533.

Portal das Capelas Imperfeitas (1495/1515) de Mateus FernandesMosteiro da Batalha

O portal das Capelas Imperfeitas é um dos expoentes mais altos de Mateus Fernandes, pela fusão de complexas forma geométricas e naturais, numa espécie de escultura monumental única.

Vista geral de noroeste (1388/1477) de Afonso Domingues, Huguet, Martim Vasques e Fernão de ÉvoraMosteiro da Batalha

A idade madura

Na Batalha convergem a capacidade local para implementar e gerir um grande e sofisticado estaleiro, por uma lado, e a inovação arquitetónica internacional trazida por artistas de outros reinos europeus. Estes podem ter sido chamados ou simplesmente demandado a Batalha em busca de um posto de trabalho qualificado como era habitual na época. Mateus Fernandes foi dispensado da obra em 1480 e readmitido em 1490. Durante esse período, teve certamente que procurar trabalho como mestre qualificado noutro grande centro. A sua obra mais tardia na Batalha mostra que deve ter participado na construção da Capela dos Condestáveis da Catedral de Burgos, em Espanha, sob as ordens de Simão de Colónia.

Créditos: história

Fotografia: Luís Pavão, José Paulo Ruas
Textos e sua tradução para português: Pedro Redol

Créditos: todos os meios
Em alguns casos, é possível que a história em destaque tenha sido criada por terceiros independentes, podendo nem sempre refletir as visões das instituições, listadas abaixo, que forneceram o conteúdo.
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