Brasília: sonho de concreto no Planalto Central

A ideia do presidente Juscelino Kubitschek era tornar a gestão do governo mais eficiente e ocupar a então isolada região Centro-Oeste, levando a “civilização” para aqueles rincões. Esse era o discurso oficial.

Há quem tenha visto a mudança, no entanto, como uma tentativa de neutralizar a força da opinião pública do antigo Distrito Federal. Era ainda uma forma de “vingança do sertão contra o cosmopolitismo do Rio de Janeiro”, como escreveu o sociólogo Marcelo Coelho.

A construção de Brasília foi selada em 1956, com a posse de JK, e a inauguração aconteceu em 21 de abril de 1960. A nova capital fazia parte do imaginário nacional desde o século 19, idealizada pelo patriarca da Independência José Bonifácio de Andrada e Silva.

Para erguer esse sonho de concreto, curvas e aço, cujo orçamento é incerto, criou-se a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), estatal responsável pela construção civil.

O espírito desenvolvimentista dos anos JK —com seu Plano de Metas, que visava fazer o Brasil avançar 50 anos em 5— traduziu-se na escolha do Plano Piloto, a cargo do precursor do modernismo arquitetônico no país, Lúcio Costa, e de seu colega Oscar Niemeyer.

Niemeyer foi convidado por JK para projetar os edifícios públicos de Brasília. Essa foto fez parte da exposição "Imagens de Fato - 80 Anos de Folha", realizada no Museu de Arte de São Paulo (Masp), entre 21 de agosto e 23 de setembro de 2001

O arquiteto Oscar Niemeyer conversa com o jornalista Samuel Wainer, um dos opositores iniciais à transferência da capital federal para o Planalto Central.

Detalhe de desenho original do Plano Piloto de Brasília feito em 1957 pelo arquiteto Lúcio Costa, que venceu o concurso para a construção de Brasília. Na legenda, o detalhe: proposta datada de 1936 pelo arquiteto, urbanista, escultor e pintor francês Le Corbusier.

Prancha original com desenho do Plano Piloto de Brasília feito pelo arquiteto Lúcio Costa, em 1957, que venceu o concurso para a construção de Brasília.

O presidente Juscelino Kubitschek (ao centro, de chapéu), no meio do cerrado, durante visita a obras de construção de Brasília

O presidente Juscelino Kubitschek acena da Romi-Isetta na Caravana da Integração Nacional, composta por colunas de veículos vindas de todo o país. Uma missa foi realizada no canteiro de obras da futura catedral para celebrar o encontro das colunas que chegaram por novas estradas

O repórter José Hamilton Ribeiro e o fotógrafo Antonio Pirozzelli encontraram JK em Brasília. A dupla participou do projeto da Folha “Rede Brasil Norte-Sul”, que percorreu 25 mil quilômetros de estradas com um jipe DKW Vemag.

Bar Uberlândia, em Cidade Livre. Inaugurado em 1956, o local de moradia provisória dos candangos, trabalhadores que construíram Brasília, ficava perto das obras. Os terrenos foram cedidos, sob a forma de comodato, e formou-se um núcleo comercial, com bares, mercearias, farmácia.

Com a inauguração da nova capital federal, os contratos de comodato foram cancelados, e os comerciantes se mudaram para a Asa Norte. Famílias de baixa renda ocuparam os terrenos e se mobilizaram para que a Cidade Livre permanecesse. 

As obras de Brasília atraíram um enorme contingente de migrantes, a maioria vinda do Nordeste e Sudeste, em busca de oportunidades. Em 2020, foi criado o Dia do Candango, comemorado em 12 de setembro.

A Esplanada dos Ministérios e o Congresso Nacional, ao fundo, em Brasília

Autoridades ocuparam o Parlatório do Palácio do Planalto, com o Palácio do Supremo Tribunal Federal ao fundo, durante a inauguração de Brasília, em 21 de abril de 1960

Cerimônia de inauguração da cidade, na Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida, em Brasília, ainda sem os famosos vitrais, coloridos pela artista Marianne Peretti. A pedra fundamental foi lançada em 1958 e a obra foi concluída em 1960, mas só seria inaugurada em 1970.

O presidente Juscelino Kubitschek (ao centro), ao lado da primeira-dama Sarah Kubitschek de Oliveira e de convidados, durante solenidade de inauguração do Distrito Federal

Candangos, como ficaram conhecidos os operários que trabalharam na construção de Brasília, desfilaram em caminhões FNM na inauguração da capital federal