Religiosidade Cristã e as Artes Plásticas

Explore representações iconográficas de personagens bíblicos ao lado de passagens que representam suas histórias.

Adão e Eva expulsos do paraíso, de Autor não identificadoMuseu de Arte da Bahia

A GÊNESE

A partir do século X já está formada a iconografia de Adão e Eva, personagens que representam a origem da humanidade. A expulsão do paraíso está representada pelo anjo que, com a mão esquerda, aponta a direção que Adão e Eva devem seguir, deixando para trás o paraíso. Adão cobre o rosto expressando vergonha e Eva toma consciência de sua nudez, que deixa de ser vista com ingenuidade. A anatomia é do tipo acadêmico, corpos fortes e fisicamente belos. "E expulsou-o; e colocou ao oriente do jardim do Éden querubins armados de uma espada flamejante, para guardar o caminho da árvore da vida." (Gn 3: 24)

Encontro de Isaac e Rebeca (1800), de Autor não identificadoMuseu de Arte da Bahia

Jacó e as filhas de Labão (1700), de Autor não identificadoMuseu de Arte da Bahia

“Ora, Labão tinha duas filhas; o nome da mais velha era Lia, e o da mais nova, Raquel. Lia tinha olhos meigos, mas Raquel era bonita e atraente. Como Jacó gostava muito de Raquel, disse: Trabalharei sete anos em troca de Raquel, sua filha mais nova. Labão respondeu: Será melhor dá-la a você do que a algum outro homem. Fique aqui comigo. Então Jacó trabalhou sete anos por Raquel, mas lhe pareceram poucos dias, pelo tanto que a amava. ” (Gn 29:16-20)

José Vendido pelos Irmãos (1811), de Autor não identificadoMuseu de Arte da Bahia

“Judá disse então a seus irmãos: Que ganharemos se matarmos o nosso irmão e escondermos o seu sangue? Vamos vendê-lo aos ismaelitas. Não tocaremos nele, afinal, é nosso irmão, é nosso próprio sangue. E seus irmãos concordaram. Quando os mercadores ismaelitas de Midiã se aproximaram, seus irmãos tiraram José do poço e o venderam por vinte peças de prata aos ismaelitas, que o levaram para o Egito.” (Gn 37:26-28)

Moisés Salvo das Águas (1620), de Giuseppe CesariMuseu de Arte da Bahia

“Então ordenou Faraó a todo o seu povo, dizendo: A todos os filhos que nascerem lançareis no rio, mas a todas as filhas guardareis com vida. [...] E a mulher concebeu e deu à luz um filho e, vendo que era formoso, escondeu-o três meses. Não podendo, porém, mais escondê-lo, tomou uma arca de juncos e a revestiu com barro e betume, pondo nela o menino e lançando-a à margem do rio. A filha de Faraó desceu a lavar-se no rio e as suas donzelas passeavam pela margem do rio; ela viu a arca no meio dos juncos e enviou a sua criada, que a tomou. Abrindo-a, viu ao menino que chorava, moveu-se de compaixão dele e disse: Este é um dos filhos dos hebreus.” (Ex 1:22, 2:1-6)

O Salvador e o Precursor (1818), de Antônio Joaquim Franco VelascoMuseu de Arte da Bahia

O MENINO ETERNO

Pintura produzida como estudo para painel da Igreja do Bonfim (1818). O Menino Jesus, ao centro, despido, dormindo sobre seu manto e segurando com a mão esquerda uma cruz junto ao peito. Diante dele, ajoelhado e apoiando-se a sua cruz de cana, João Batista. Em torno de ambos, anjinhos em adoração. No alto, o monograma IHS (Iesus Hominum Salvator) jorra um jato de luz sobre o Menino Deus.

Santa Família (1820), de José Rodrigues NunesMuseu de Arte da Bahia

Cópia de Jose Rodrigues Nunes (1800-1881) do original de Annibale Carracci (1560-1609). O pintor baiano nunca esteve na Europa, portanto, esta e outras cópias de sua autoria foram executadas a partir de estampas.

Santa Família ou Descanso na Fuga para o Egito (1820), de José Rodrigues NunesMuseu de Arte da Bahia

“E, tendo eles se retirado, eis que o anjo do Senhor apareceu a José num sonho, dizendo: Levanta-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egito e demora-te lá até que eu te diga; porque Herodes há de procurar o menino para o matar. E, levantando-se ele, tomou o menino e sua mãe, de noite, e foi para o Egito. E esteve lá, até à morte de Herodes, para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta, que diz: Do Egito chamei o meu Filho.” (Mt 2:13-15)

Virgem e o Menino Jesus, de Autor não identificadoMuseu de Arte da Bahia

Jesus no Monte das Oliveiras (1818), de Antônio Joaquim Franco VelascoMuseu de Arte da Bahia

Pintura produzida como estudo para painel lateral da Igreja do Bonfim (1818). A cena é descrita no Evangelho de Lucas (22:42-43): “Senhor, afastai de mim esse cálice, todavia, não se faça a minha vontade, mas a tua. E apareceu um anjo do céu, que o fortalecia”.

A Flagelação (1818), de Antônio Joaquim Franco VelascoMuseu de Arte da Bahia

Pintura produzida como estudo para painel lateral da Igreja do Bonfim (1818). O Evangelho de Marcos (15: 14-15) descreve a flagelação: “Pilatos lhes disse: Mas que mal fez? E eles cada vez clamavam mais: Crucifica-o. Então, Pilatos, querendo satisfazer a multidão, soltou Barrabás e, açoitado Jesus, o entregou para ser crucificado.”

A Coroação de Espinhos (1818), de Antônio Joaquim Franco VelascoMuseu de Arte da Bahia

Pintura produzida como estudo para painel lateral da Igreja do Bonfim (1818). A cena é descrita no Evangelho de Marcos (15: 16-17): “Os soldados conduziram-no ao interior da sala, isto é, da audiência, onde convocaram toda a coorte. Vestiram Jesus de púrpura, teceram uma cora de espinhos e a colocaram em sua cabeça”.

A Caminho do Calvário (1818), de Antônio Joaquim Franco VelascoMuseu de Arte da Bahia

Pintura produzida como estudo para painel lateral da Igreja do Bonfim (1818). O evangelho de João (19:17) descreve Cristo carregando a cruz até o Calvário, para ali ser crucificado, enquanto os outros três evangelistas afirmam ter sido ele ajudado por um judeu chamado Simão, da Cirenaica. Um episódio que ocorre no Evangelho de Nicodemos, livro apócrifo que desfrutou de grande autoridade na Idade Média, sustenta que em certo momento do caminho, uma mulher, Veronica, aproximou-se de Cristo e lhe enxugou o rosto com seu lenço, no qual ficou impressa a Santa Face. Franco Velasco uniu as três cenas nesta obra.

A Ressurreição (1877), de José Antônio da Cunha CoutoMuseu de Arte da Bahia

“Disse-lhe Jesus: eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim, não morrerá eternamente. Você crê nisso?” (João 11:25-26)

Nossa Senhora da Conceição (1880), de José Rodrigues NunesMuseu de Arte da Bahia

DEVOÇÃO

Entre os brasileiros, a devoção à Nossa Sra. da Conceição coincide com a própria origem da cidade de Salvador, posto que foi trazida pelo 1º Governador Geral do Brasil, Tomé de Souza, que mandou construir a primeira capela de taipa em seu louvor, depois transformada na Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia. No ano de 1854, o Papa Pio IX proclamou o dogma da imaculada Conceição, consagrando o dia 8 de dezembro para os seus festejos. Nossa Sra. da Conceição é a padroeira da Bahia. Nesta representação, a virgem Mãe de Deus está de pé, sendo envolvida por um bloco de nuvens, onde foram distribuídos oito querubins. A Virgem inclina a cabeça suavemente para a direita, elevando os olhos para o céu. Está com as mãos postas em sinal de recolhimento. Veste túnica azul e sua aparência é jovial.

Madalena, de Autor não identificadoMuseu de Arte da Bahia

A representação de Maria Madalena a contemplar ou orar junto a um crucifixo pode significar a aceitação abnegada dos sofrimentos da vida, sua associação à crucificação de Jesus e participação na redenção humana. Elaboração da Idade Média, Maria Madalena arrependida, que expiou os seus pecados, é a filha pródiga reencontrada.

Santa Cecília (1820), de José Teófilo de JesusMuseu de Arte da Bahia

Santa Cecília foi uma das mártires mais veneradas da Idade Média. Na maioria das representações aparece tocando algum instrumento musical, sobretudo o órgão, atributo que a acompanha desde o século XVI. O texto da sua Paixão (descrição do seu martírio) relata que na cerimônia do seu casamento, enquanto soavam os órgãos, Cecília cantava pedindo a Deus para que mantivesse seu corpo e seu coração imaculados. Uma tradução errada induziu a pensar que seria ela mesma quem tocava o órgão, transformando-a em padroeira dos músicos.

São Lucas (1821), de Antônio Joaquim Franco VelascoMuseu de Arte da Bahia

Lucas nasceu em Antioquia, na Síria, e faleceu em 63 d.C. Foi o compilador do terceiro Evangelho e dos Atos dos Apóstolos. Paulo se refere a ele como “Lucas, o médico”. Uma lenda surgida no século VI transformou-o também em pintor e, como tal, autor de diversas retratos da Virgem Maria. A pintura de Franco Velasco nos mostra o evangelista segurando um pergaminho, no qual se vê uma representação da Virgem com o Menino Jesus, tendo o pincel na mão esquerda.

São Mateus (1821), de Antônio Joaquim Franco VelascoMuseu de Arte da Bahia

Apóstolo evangelista, cujo nome antes da conversão era Levi, foi um rico coletor de impostos em Cafarnaum, na Palestina. Quando ouviu a palavra de Jesus: “Segue-me”, respondeu ao chamado com entusiasmo, deixando a vida ligada ao dinheiro e ao poder para segui-lo. É no Evangelho de Mateus que contemplamos mais trechos referentes ao dinheiro, tais como: “Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará o outro, ou se dedicará a um desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro. ” (Mt 6:24)

São João Batista (1670), de Autor não identificadoMuseu de Arte da Bahia

João Batista é o precursor de Jesus, aquele que preparou os caminhos do Senhor. Nasceu na Judéia (ano 2 a.C.), era primo de Jesus e foi o responsável por seu batismo, no rio Jordão. Seu nascimento foi anunciado pelo anjo Gabriel, enviado por Deus. Tornou-se um líder popular que pregava palavras de arrependimento, transformação e anunciava a chegada do Messias. A prisão de João Batista ocorreu na Galileia, a mando do governador Herodes Antipas, tendo sido degolado no ano 27 da Era Cristã. É celebrado pelos católicos em 24 de junho, com uma festa bastante popular e tradicional no Nordeste do Brasil.

Créditos: história

Ana Liberato
Diretora do Museu de Arte da Bahia

Equipe:
Camila Guerreiro
Celene Sousa
Mateus Brito
Olívia Dias
Verônica Rohrs

Créditos: todas as mídias
Em alguns casos, é possível que a história em destaque tenha sido criada por terceiros independentes. Portanto, ela pode não representar as visões das instituições, listadas abaixo, que forneceram o conteúdo.
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