Línguas de base portuguesa

Crioulos de base lexical portuguesa

Crioulos de base lexical portuguesa na América (2020) de Observatório da Língua PortuguesaObservatório da Língua Portuguesa

Crioulos do Brasil

1 Crioulo de Helvécia

Crioulos com forte influência lexical portuguesa

2 Saramacano (base inglesa)
3 Aruba Papiamento (base ibérica)
4 Curaçau
5 Bonaire

Crioulos de base lexical portuguesa em África (2020) de Observatório da Língua PortuguesaObservatório da Língua Portuguesa

Crioulos da Alta Guiné

1 Cabo Verde
2 Casamansa (Senegal)
3 Guiné-Bissau

Crioulos do Golfo da Guiné

4 Príncipe
5 S. Tomé (Santomense e Angolar)
6 Ano Bom

Crioulos de base lexical portuguesa na Ásia (2020) de Observatório da Língua PortuguesaObservatório da Língua Portuguesa

Crioulos Indo-Portugueses

1 Diu *
2 Damão
3 Bombaim *
4 Chaul * e Korlai
5 Goa *
6 Mangalor *
7 Cananor *, Tellicherry e Mahé *
8 Cochim * e Vaipim *
9 Quilom *
10 Costa do Coromandel *
11 Costa de Bengala *
12 Sri-Lanka (Ceilão)

Crioulos Malaio-Portugueses

13 Kuala Lumpur * Papiá Kristang
14 Malaca
15 Singapura *
16 Java (Batávia e Tugu) *
17 Flores (Larantuka) *
18 Timor Leste (Bidau) *
19 Ternate *, Ambom * e Macassar *

Crioulos Sino-Portugueses

20 Hong Kong * Macaísta *
21 Macau *
* Extinto ou em extinção

Papiamento

Aruba Curaçao Bonaire

O Papiamento, nas suas variedades de Curaçau, Aruba e Bonaire, é língua materna da maior parte da população destas ilhas.

Desenvolveu-se originalmente em Curaçau, em meados do século XVII, com a importação, pelos holandeses, de escravos africanos, em particular da zona da Alta Guiné, prováveis falantes de crioulos de base portuguesa.

Dada a forte presença do espanhol, entre outras razões, por ser a língua de comércio mais importante na área, oitenta por cento do seu léxico é de base ibérica (portuguesa e espanhola).

Saramacano

O Saramacano é um crioulo de base lexical inglesa e portuguesa, que se desenvolveu nos finais do séc. XVII, início do séc. XVIII, no Suriname, em comunidades de escravos fugidos, em mass, das plantações. O elevado número de unidades lexicais de origem portuguesa deve-se à presença, na zona, de variedades do português e de crioulos de base portuguesa falados, nomeadamente, pelos colonos judeus e seus escravos, ali chegados a partir de 1655, logo no início da ocupação inglesa.

Brasil

As variedades de pidgin e de crioulo de base portuguesa que provavelmente se formaram no século XVI no Brasil, sobretudo no Nordeste, não sobreviveram, no contacto com o português.

Na comunidade de Helvécia, porém, formada maioritariamente por descendentes diretos de escravos africanos, que pertenciam a uma colónia suíça-alemã fundada em 1818, no sul do Estado da Baía, existe uma variedade dialetal afro-brasileira que parece corresponder a uma fase avançada de descrioulização de um anterior crioulo.

Cabo Verde

O cabo-verdiano (kriolu, kauberdianu, kabuverdianu), com as suas variedades insulares, em Sotavento e em Barlavento, é, a par do guineense, um dos mais antigos crioulos de base portuguesa.

Formado inicialmente nas ilhas de Santiago e do Fogo, nos finais do século XV, princípios do século XVI, como resultado do contacto entre o português e as línguas africanas da Costa Ocidental de África, em particular o wolof e o mandinka.

De grande vitalidade, é língua nacional e materna de toda a população, dotada de uma importante literatura oral e escrita, estando em vias de ser língua oficial, a par do português.

Guiné-Bissau

O crioulo guineense ou kriyol, da Guiné-Bissau, tem grandes afinidades históricas e linguísticas com as variedades do crioulo cabo-verdiano de Santiago e do Fogo, embora seja marcado pela influência das mais de vinte línguas africanas com que partilha o espaço geográfico, na costa ocidental de África.

É falado por cerca de um milhão de guineenses, ou como língua segunda e veicular ou, sobretudo nas zonas urbanas, como língua materna

Casamansa

Em Ziguinchor, na região de Casamansa, que em 1886 passou para o domínio francês, fala-se uma variedade próxima do crioulo guineense de Cacheu, com influência da variedade de Bissau, chamada kriyol ou lingu kriston, mas com caraterísticas gramaticais e lexicais diferenciadas, devido, em parte, ao afastamento político das duas regiões.

São Tomé e Príncipe

O santomense (também designado como forro, santome, lungwa santome) é um crioulo de base lexical portuguesa formado no século XVI, na ilha de S. Tomé, fruto do contacto entre o português e várias línguas africanas, como o edo.

É uma das línguas nacionais do arquipélago, a par do angolar e do principense, e a segunda língua mais falada, depois do português.

Sul da ilha de S. Tomé

O angolar (lunga ngola) é um crioulo de base portuguesa falado principalmente no sul da ilha de S. Tomé pela comunidade dos angolares, formada no século XVI com escravos fugidos das plantações, que provavelmente já falavam forro, a que se vieram juntar outros, recém-chegados do continente africano e falantes de línguas bantas, como o quimbundo, que deixaram marcas visíveis no seu léxico.

Ilha do Príncipe

O principense ou lung’ie ("língua da ilha") é um crioulo de base lexical portuguesa em perigo de extinção, falado por um número muito reduzido de falantes na ilha do Príncipe, para onde migrou uma parte da população de S. Tomé, logo no século XVI, época da sua formação.

Ano Bom

O anobonense ou fa d’ambô (‘falar de Ano Bom’) falado na ilha de Ano Bom, cedida pelos portugueses a Espanha nos finais do século XVIII e pertence à República da Guiné Equatorial desde 1968, é um crioulo de base portuguesa com forte influência espanhola. Fala-se também na ilha de Bioco (antiga Fernando Pó), sobretudo na capital, Malabo, para onde migrou uma parte da população.

Português de Damão

O Crioulo de Damão é conhecido entre os seus falantes como "português de Damão" ou "língua de Badrapor".

O crioulo de Damão é muitas vezes referenciado a partir de duas das suas formas pronominais características: "óss-dóss".

Com alguma variação sociolinguística, é falado maioritariamente pela comunidade católica do território, tem semelhanças evidentes com o crioulo de Diu e revela a influência do Guzerate.

Português de Diu

O Crioulo de Diu é conhecido localmente como "português de Diu". O crioulo de Diu é uma língua falada maioritariamente pela pequena comunidade católica da ilha, em contextos familiares e intra-comunitários. É muito próximo do crioulo de Damão e revela a influência do Guzerate, a língua regional dominante.

Crioulo de Korlai

A aldeia de Korlai, próxima das ruínas da antiga cidade portuguesa de Chaul, preserva entre a sua substancial comuidade católica o uso de um crioulo de base portuguesa muito próprio, desenvolvido em contacto estreito com a língua Marata. Por via de migração recente, alguns falantes moram atualmente em Bombaim e Baçaim.

Português do Sri Lanka

Chamado "Português do Sri Lanka" ou "Português Burgher", é um crioulo de base portuguesa que se estabeleceu no antigo Ceilão a partir do séc. XVI. Associado à comunidade euro-asiática conhecida como "Burghers Portugueses", tem hoje as maiores concentrações de falantes na costa leste do país (região de maioria Tâmul), em torno das cidades de Batticaloa e Trincomalee, e outras bolsas mais reduzidas em locais como Jaffna ou Colombo.

Crioulo do Malabar

O crioulo de base portuguesa desenvolvido na costa sudoeste da Índia a partir do séc. XVI teve uma difusão considerável em cidades como Cochim, Cananor, Calecute, Coulão e até no interior do atual estado de Kerala.
Contudo, o número de falantes está atualmente reduzido a menos de 10, sendo o crioulo de base portuguesa com a sobrevivência mais ameaçada. A influência estrutural do Malaiala nesta língua é evidente.

Português de Malaca

O português de Malaca, crioulo de Malaca, Papiá kristáng ou simplesmente Papiá, é uma língua crioula de base portuguesa com estrutura gramatical próxima do malaio, falado na Malásia e em Singapura pelos descendentes dos portugueses e suas famílias miscigenizadas, mas também, certamente, por pessoas de outras partes da Ásia e até da Europa que participaram no estabelecimento da feitoria portuguesa.

Kristang - uma língua salva da extinção (2017) de Observatório da Língua PortuguesaObservatório da Língua Portuguesa

Cristang

A comunidade cristang é uma pequena comunidade de Malaca, na Malásia com origem em antepassados portugueses que remonta aos descobrimentos. A comunidade cristang fala a língua cristang, um crioulo de base portuguesa, sendo que "cristang" significa "cristão" nesta língua.

Macau

Patuá macaense, também chamada Crioulo macaense, Patuá di Macau, Papia Cristam di Macau, Doci Papiaçam di Macau ou ainda de Macaísta Chapado, é uma língua crioula de base portuguesa formada em Macau a partir do século XVI, com um evidente contributo do sudeste asiático.

O Patuá de Macau (2019) de Sergio Perez e Miguel de Senna FernandesObservatório da Língua Portuguesa

Patuá

É uma língua crioula de base portuguesa formada em Macau a partir do século XVI, influenciada pelas línguas chinesas, malaias e singalesas. Sofre também de alguma influência do inglês, do tailandês, do espanhol e de algumas línguas da Índia. Actualmente continua a ser ainda falado por um pequeno número de macaenses que vivem em Macau ou no estrangeiro, na sua maioria já com uma idade avançada.

Portunhol (2006) de Muñata (Miguel Chaves)Observatório da Língua Portuguesa

Portunhol

Na fronteira brasileiro–uruguaia, há diversas variedades de contato juntamente com o português e o espanhol padrão e popular. O portunhol, também chamado de dialetos portugueses do Uruguai, é uma delas.

Tal situação representa um caso de bilinguismo com diglossia.

Créditos: história

Textos:
- Prof Doutora Dulce Pereira, Universidade de Lisboa
- Prof.Doutor Hugo Cardoso, Universidade de Lisboa.

Autor: Francisco Nuno Ramos, Observatório da Língua Portuguesa

Créditos: todos os meios
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