Arquivo Boca da Noite - Parte 1

Descubra a memória e história de Gilda, travesti em situação de rua e figura popular de Curitiba nos anos 70 e 80

Retrato de Gilda (PHOTOGRAPH), de Carlos Alberto MacaxeiraMuseu da Diversidade Sexual

Gilda foi uma travesti em situação de rua que frequentava a Avenida Senador Luiz Xavier, região conhecida como Boca Maldita.

Ela se tornou uma figura popular em Curitiba nos anos 70 e início dos 80 por "pedir um trocado e, caso não ganhasse, beijava as pessoas." Ela também se tornou popular por sua alegria e participação nos desfiles de carnaval de rua.

Enquanto viveu em Curitiba, Gilda teve sua vida marcada pela miséria, repressão e violência pelas autoridades da cidade ao mesmo tempo em que recebia carinho de parte da população e de artistas.

Toque para explorar

A região que Gilda frequentava, a Boca Maldita, era um reduto machista e tribuna livre institucionalizada desde 13 de dezembro de 1957. A confraria, presidida por Anfrísio Siqueira, elegia "cavalheiros" para a legião do "não ouço, não falo, não vejo".

Foto sem título (Gilda e amigos) (PHOTOGRAPH), de Carlos Alberto MacaxeiraMuseu da Diversidade Sexual

Se parte da cidade quer apagar sua história até hoje, artistas de diferentes gerações a eternizaram em suas músicas, peças de teatro, performances, poemas e marchinhas de carnaval. Ela foi transformada em um símbolo da cultura LGBTQI+ de Curitiba.

"Gilda" faz greve de fome no xadrez. Diario do Paraná - Polícia. Curitiba, 27 de fevereiro de 1981. Página 6, 2º Caderno. (PHOTOGRAPH)Museu da Diversidade Sexual

A pedido de Anfrísio Siqueira, Gilda foi presa pela polícia em 1981 para não desfilar no carnaval porque sua presença prejudicaria uma "promoção comercial". Enquanto entidades de direitos humanos intercediam por sua soltura, Gilda fazia greve de fome e gritava por liberdade.

"A última - Gilda sem carnaval". Diario do Paraná. Curitiba, 12 de julho de 1981. Página 3, 1º Caderno. (PHOTOGRAPH)Museu da Diversidade Sexual

Matéria de lançamento da música "Gilda sem Carnaval" de Jayme Alves de Oliveira no jornal Diário do Paraná de 12 de julho de 1981. No mesmo ano, o Bloco do Cadáver desfilou em Curitiba e saiu do Bar Kapelle cantando uma marchinha protesto que comemorava a soltura de Gilda.

Na semana do falecimento de Gilda, um grupo de pessoas organizou o movimento “Boca da Noite” que recolhia assinaturas e doações para colocação de uma placa de bronze escrita “GILDA, VOCÊ DEIXOU SAUDADES, DO POVO DE CURITIBA” a ser instalada na Boca Maldita. O debate sobre a colocação da placa e do obelisco da Boca Maldita ter se tornado um altar em sua homenagem repercutiu na imprensa local da época com posições contrárias, em especial do presidente da Associação da Boca Maldita.

Foto Movimento Boca da Noite 1 (PHOTOGRAPH), de Carlos Alberto MacaxeiraMuseu da Diversidade Sexual

Foto: Autoria Desconhecida (PHOTOGRAPH)Museu da Diversidade Sexual

Por fim, mesmo com o recolhimento de assinaturas e a arrecadação de doações, a placa confeccionada e instalada pela população foi arrancada. Especula-se que parte da população queria apagar Gilda da história para impedir que Gilda se tornasse uma santa popular da cidade.

Foto do Movimento Boca da Noite (PHOTOGRAPH), de Alberto Melo VianaMuseu da Diversidade Sexual

Santa-me
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Ary Giordani, Janaina Matter, Luis Otávio Almeida, Luciano Faccini e Melina Mulazani

Ficha técnica:
Idealização e curadoria: Guilherme Jaccon
Identidade visual e diagramação da exposição: Claudio Moreira
Captação de vídeos: Trópicº
Edição de vídeos: Fernando Helfenstein
Intérprete de Libras: Talita Sharon Simões
Revisão e tradução de textos: Ti Ochoa
Locução de vídeos: Elenize Dezgeniski e Santiago Tobias de Santana
Jornalista: Raíssa Micheluzzi

Agradecimentos: Marcia Moraes, Sueli Araujo e toda CIA Senhas de Teatro; Luana Navarro; Elenize Dezgeniski; Paulo Reis; Pedro Lauro e Família; Equipe e direção do Museu da Imagem e do Som do Paraná; Goura Nataj e equipe; Diego Fiorentino e Sabrina Demozzi; e toda equipe do Museu da Diversidade de São Paulo.

Créditos: história

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Governador do Estado de São Paulo: Rodrigo Garcia
Secretário de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo: Sérgio Sá Leitão
Secretária Executiva: Cláudia Pedrozo
Chefe de Gabinete: Frederico Maia Mascarenhas
Coordenadora da Unidade de Preservação do Patrimônio Museológico (UPPM): Paula Paiva Ferreira

INSTITUTO ODEON
Diretor Presidente: Carlos Gradim
Diretoria de Operações e Finanças: Roberta Kfuri
Diretoria de Equipamento: Marisa Bueno
Coordenação de Museologia e Acervo: Leonardo Vieira
Museologia: Leila Antero
Coordenação de Relações Institucionais e Projetos: Luiz Henrique Amoêdo
Assessoria de Comunicação: Eduardo Cordeiro
Coordenação do Núcleo de Ação Educativa: Val Chagas
Coordenação Administrativo Financeiro: Luiz Custódio da Silva Junior
Administrativo Financeiro: Vanda Maria Batista, Alexia Bastos Souza e Jhonatha Lucas
Compras: Jeferson Rocha de Lima
Produção: Denise Soares e Heitor Gabriel
Núcleo de Ação Educativo: Nay Costa e Ramon Lima

Créditos: todas as mídias
Em alguns casos, é possível que a história em destaque tenha sido criada por terceiros independentes. Portanto, ela pode não representar as visões das instituições, listadas abaixo, que forneceram o conteúdo.
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