By MCB - Museu da Casa Brasileira
Museu da Casa Brasileira, Ricardo Cardim
Refletir sobre a transformação da floresta brasileira, passando pela exuberância das árvores de grande porte, até o desaparecimento de espécies é o objetivo da mostra Remanescentes da Mata Atlântica & Acervo MCB, com curadoria de Ricardo Cardim, botânico. Além de apresentar ao público uma visão acerca do processo de avanço das áreas urbanas sobre a mata atlântica original, a exposição trará, em paralelo, peças do acervo do museu elaboradas com essas madeiras – hoje praticamente extintas.
A Mostra
A mostra Remanescentes da Mata Atlântica & Acervo MCB consiste em painéis fotográficos e textuais que correlacionam as várias tipologias de madeiras do acervo do MCB às diversas espécies nativas existentes na mata atlântica, algumas centenárias, e que, ao longo da história, foram utilizadas na confecção do mobiliário nacional e até mesmo estrangeiro.
A Mostra
Na exposição, será dada aos visitantes a oportunidade de conhecer um pouco da exuberância primitiva da vegetação brasileira, com árvores de grande porte, muitas com mais de 30 metros de altura, que aos poucos foram desaparecendo e dando espaço para a criação de gado, agricultura e também para a exploração da madeira para indústria e comércio.
A Mostra
Entre as madeiras que compõe o mobiliário do acervo do MCB, é possível encontrar Mogno, Cedro e Jacarandá da Bahia.
A Mostra
A localização do museu, às margens da antiga várzea do Rio Pinheiros, foi originalmente de grande biodiversidade, abrigando formações florestais de matas ciliares em diques úmidos e secos, que, no decorrer da urbanização, foram inteiramente suprimidos e aterrados. Confira a seguir as peças que constituem a exposição.
Caixa Cofre de Ferro
Peça de aspecto severo, com estrutura em ferro fundido batido, reforçado com cintas em ferro, pesa cerca de 800 kg e assenta diretamente sobre o chão. As caixas-cofres foram muito usadas para o transporte e guarda de dinheiro e documentos, nas residências ou repartições públicas. Para garantir a segurança, este exemplar possui duas fechaduras.
Caixa Cofre de Madeira
Canastra ou baú rústico, em jacarandá do litoral e ferro, no estilo luso brasileiro do século XVIII, usada para guardar objetos e roupas. Os pés, na forma de apoios independentes, soltos e altos, protegem o móvel contra a umidade e o assédio dos animais nocivos. Apresenta as junções no sistema de malhetes (recortes nas extremidades formando encaixes tipo macho – fêmea).
Móvel de Múltiplas Utilidades
Este é um móvel “surpresa”: aberto, transforma-se em cama com cômoda, penteadeira, escrivaninha, banquinho e ainda nichos para guardar objetos. Bastante compacto, é indicado para uso em ambientes reduzidos. Reza a lenda que foi feito para trabalhadores de circo. Pinheiros de Araucária e casas de sapé são representados em entalhes na parte frontal da peça.
Guarda-Roupa Art Nouveau
Em jequitibá rosa, este armário apresenta elementos artísticos do Art Nouveau no frontão recortado da parte superior e nos entalhes das portas, em linhas sinuosas de origem floral, repetitivas e simplificadas.
Cadeira Paulistano
Uma “cadeira-pudim”, agradável ao sentar, e flexível em todos os sentidos, até lateralmente. Essa foi a intenção do arquiteto ao projetar esta cadeira. Ele conseguiu seu intento sem recorrer ao tradicional estofado, e sim ao aço espiral, muito fino e flexível, que é “vestido” com uma capa em couro ou lona. Em 1986, a Paulistano venceu o 1º Prêmio Design MCB.
Poltrona Mole
Considerada pelo crítico Clement Meadmore “um dos 30 melhores assentos do século 20”, a Poltrona Mole combina a robustez e o conforto, o convite ao relaxamento e o idioma moderno. Seu projeto atende a uma busca deliberada, por parte do designer, de linguagem efetivamente brasileira, qualidade que a levou a conquistar o primeiro lugar no Concurso Internacional do Móvel em Cantù, Itália, em 1961.
Poltrona Pelicano
O projeto sintetiza a trajetória deste designer francês na busca do móvel funcional e barato, trabalho desenvolvido por ele no Brasil desde os anos 1950. Simplicidade é a palavra-chave exemplificada no detalhe das cavilhas que prendem a lona de algodão à estrutura (eucalipto maciço de reflorestamento) e a tornam facilmente retirável e lavável. Pesando 9 kg e com uma embalagem compacta, o produto tem baixo custo de fabricação. Disponível em versões com e sem braços, fixa ou de balanço, em poltrona ou sofá de dois lugares.
Cadeira de Campanha
Cadeira dobrável de execução popular, usa jacarandá do litoral e tem assento flexível em couro lavrado, com resultados ergonômicos notáveis para o período. A configuração vem das cadeiras em “x”, usadas desde a Antiguidade e produzidas principalmente para viagens, por ocuparem pouco espaço quando dobradas. Modelos semelhantes a este eram muito difundidos em Portugal desde o século XVII.
Cadeira São Paulo
Em linhas simples e produção semi-industrial, a cadeira São Paulo guarda sutilmente a estrutura dos escabelos portugueses do século XVII, com o assento de tamanho reduzido e com pernas abertas. O encosto em laminado revestido com folha de mogno se encaixa num rasgo no assento; sua curvatura e inclinação buscam oferecer conforto. Foi contemplada no 2º Prêmio Design MCB.
Cadeira Sanitária ou Retrete
Precursora do vaso sanitário, esta cadeira tem estrutura de uma cadeira comum, exceto pela tampa no assento que revela o urinol no interior. Uma porta lateral permite a retirada dos dejetos. Esse tipo de peça era usada nos quartos até a instalação de sistemas de canalização de esgotos.
Curadoria de Ricardo Cardim
Fotos Divulgação MCB
Fotos da Exposição Renato Parada