Durante as décadas de 1960 e 1980, além de sua intensa produção em pintura, desenho e gravura, Iberê Camargo realizou trabalhos em cerâmica e tapeçaria.
Untitled (1981) by Iberê CamargoIberê Camargo Foundation
Eles respondiam a uma demanda do circuito de arte, herdada da utopia modernista, que preconizava o conceito de síntese das artes: uma colaboração estreita entre arte, arquitetura e artesanato.
Nos anos 1960, com a assessoria das ceramistas Luiza Prado e Marianita Linck, Iberê realizou um conjunto de pinturas em porcelana, com resultados surpreendentes.
Na década seguinte, selecionou um conjunto de cartões, que foram transformados por Maria Angela Magalhães em impactantes tapeçarias, estabelecendo uma parceria que prosseguiu até a década de 1980.
No final da década, o conceito de síntese das artes caiu em desuso e cerâmicas e tapeçarias passaram a ser vistas como artes menores.
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Há algum tempo a Fundação Iberê vinha estudando essa faceta do artista, e a conjuntura feminina que permeou a produção desses trabalhos propiciou a ocasião perfeita para apresentar as obras que hoje encontram-se em instituições e coleções privadas, espalhadas entre as cidades de Porto Alegre, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo e Lisboa.
Untitled (c.1961) by Iberê CamargoIberê Camargo Foundation
São 36 pinturas sobre pratos de porcelana, a grande maioria exposta uma única vez, em Torres (RS), há 60 anos.
Entre elas, o único prato que acredita-se ter sido modelado pelo próprio artista (imagem acima).
São 8 tapeçarias de grandes dimensões, das 10 que se estima que Iberê tenha produzido.
Duas delas não foram localizadas, e são conhecidas apenas pelos registros fotográficos realizados pelo artista.
O ateliê de Maria Angela, o Artesanato Guanabara, chegou a envolver mais de 70 bordadeiras que auxiliavam também na preparação e no tingimento dos fios como seda, lã, linho e algodão.
Em muitos casos, Mariangela usava mais de um fio na agulha para chegar no tom e efeito desejado, incluindo fios sintéticos com efeito metalizado.
Untitled (c.1981) by Iberê CamargoIberê Camargo Foundation
A exposição destaca, ainda, a presença feminina na vida de Iberê tendo como base a linha do tempo do artista.
Ariadne's Thread makes a reference to the female warp behind the artist, the guide that Iberê used to get out of the labyrinthine structure of his own person and work.
In the well-known Greek legend, the hero Theseus manages to save himself thanks to Ariadne, who gives him a ball of wool to guide him through the intricate labyrinth of Crete. An echo of Iberê's striking personality – including Álvaro Siza's labyrinthine building.
The Ariadne myth, which has numerous philosophical and psychological interpretations, also shows how a woman's support can lead the hero to victory.
Assim, a exposição oferece algumas camadas de leitura ao público: apresenta uma faceta menos conhecida da obra de Iberê Camargo, demonstra a qualidade artística de cerâmicas e de tapeçarias – colocando em questão algumas convenções ultrapassadas do circuito de arte – e torna visível a rede feminina que sempre deu suporte ao artista, revelando as vozes de Ariadne.
É complementada por uma cronologia ilustrada reunindo fotos e depoimentos de algumas das mulheres que marcaram presença na vida de Iberê. Entre elas:
A esposa e companheira Maria Coussirat Camargo (Porto Alegre, RS, 1915 – Porto Alegre, RS, 2014), imagem acima;
A colega Elisa Byington (São Paulo, SP, 1910 – São Paulo, SP, 2003), à direita da imagem acima;
A artista Djanira (Avaré, SP, 1914 – Rio de Janeiro, RJ, 1979), imagem acima;
A professora Istellita da Cunha Knewitz (Santana do Livramento, RS, 1926), imagem acima;
A artista Regina Silveira (Porto Alegre, RS, 1939), imagem acima;
A ceramista Luiza Prado (Porto Alegre, RS, 1914 – Rio de Janeiro, RJ, 2000), imagem acima;
A ceramista Marianita Linck (Porto Alegre, RS, 1924), imagem acima;
A artista Maria Tomaselli (Innsbruck, Áustria, 1941), imagem acima;
A tapeceira Maria Angela Magalhães (Belo Horizonte, MG, 1925 – Rio de Janeiro, RJ, 2009), imagem acima;
A gravadora Anna Letycia (Teresópolis, RJ, 1929 – Rio de Janeiro, RJ, 2018), imagem acima;
A escritora Clarice Lispector (Chechelnyk, Ucrânia, 1920 – Rio de Janeiro, RJ, 1977), dedicatória acima;
As gravadoras Anico Herskovits (Montevideo, Uruguai, 1948) e Marta Loguercio (Bagé, RS, 1945), imagem acima;
A galerista Tina Zappoli (Flores da Cunha, RS, 1955), imagem acima;
A produtora cultural Evelyn Ioschpe (Porto Alegre, RS, 1948 – São Paulo, SP, 2019), acima, à direita da foto;
A cantora Adriana Calcanhotto (Porto Alegre, RS, 1965), imagem acima;
A atriz Fernanda Montenegro (Rio de Janeiro, RJ, 1929), imagem acima.
Untitled (1964) by Iberê CamargoIberê Camargo Foundation
Untitled (1965) by Iberê CamargoIberê Camargo Foundation
Preview of the Exhibition
IBERÊ CAMARGO – ARIADNE'S THREAD
Curated by
Denise Mattar
Co-Curated by
Gustavo Possamai
The opening of the exhibition, September 19, 2020, on the link.
Playlist of testimonials, "Voices of Ariadne", on the link.
Series of conversations that address the different aspects of the exhibition (in Portuguese):
Live with Denise Mattar and Gustavo Possamai
Exhibition presentation, on the link.
Live with Paula Ramos
“Maria Coussirat and the memory vigil”, on the link.
Live with Andrea Giunta
“The presence of women in art”, on the link.
Live with Maria Amelia Bulhões
“Ceramics, tapestries and the art system”, on the link.
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Note: Scheduled for March 13, 2021, the opening of the exhibition was postponed in collaboration with measures to control the spread of the new Coronavirus (Covid-19).
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This online version of the exhibition does not include all of the documentation included in the original presentation.
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© Fundação Iberê Camargo